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Documentaristas encontram pé de alpinista 100 anos depois no Everest

O fotógrafo e alpinista Jimmy Chin Imagem: Reprodução/Instagram/Jimmy Chin

Do UOL, em São Paulo

11/10/2024 12h52Atualizada em 11/10/2024 13h09

Uma equipe de documentaristas da National Geographic encontrou um pé que pode pertencer a um jovem alpinista que desapareceu há 100 anos no Monte Everest.

O que aconteceu

Fortes indícios apontam que pé é de Andrew Comyn Irvine - ou Sandy, como era conhecido. Em junho de 1924, Irvine e o seu parceiro George Mallory desapareceram enquanto tentavam se tornar as primeiras pessoas a chegar ao topo do pico mais alto do mundo. Os restos mortais de Mallory foram achados por um alpinista em 1999, mas o corpo de Irvine nunca foi encontrado.

As autoridades britânicas estão verificando a identidade do pé por meio de uma amostra de DNA. As informações foram publicadas pela National Geographic. A equipe de documentaristas está bastante confiante de que o pé pertence a Irvine. Isso porque a meia encontrada dentro da bota está bordada com as palavras "A.C. Irvine".

A meia encontrada dentro da bota está bordada com as palavras "A.C. Irvine". Imagem: Reprodução/Instagram/Jimmy Chin

A descoberta do pé foi feita quando a equipe descia a geleira Central Rongbuk, na face norte do Everest, em setembro. O grupo, liderado pelo fotógrafo e alpinista Jimmy Chin, encontrou um artefato diferente que despertou a curiosidade.

"Descobrimos um cilindro de oxigênio marcado com uma data que dizia 1933", disse Chin. De acordo com a National Geographic, nove anos depois que Mallory e Irvine desapareceram, a expedição britânica ao Everest de 1933 foi a quarta tentativa de escalar a montanha. Também terminou em fracasso, mas os membros da expedição de 1933 encontraram um machado de gelo que pertencia Irvine no alto da crista nordeste, bem abaixo de onde Mallory foi encontrado.

O cilindro de oxigênio de 1933 fez Chin e seus companheiros mapearem as buscas. "Se Sandy tivesse caído na face norte, seus restos mortais ou seu corpo poderiam estar em algum lugar perto daqui", afirmou Chin, que suspeitou que os restos mortais de Irvine pudessem estar próximos. Nos dias seguintes, Chin e sua equipe começaram a tomar percorreram uma rota através das dobras e fendas da geleira. Foi quando encontraram a bota. "Acho que ela literalmente derreteu uma semana antes de a encontrarmos", detalhou.

O pé foi removido do local e entregue às autoridades chinesas, responsáveis pela face norte do Everest.

Julie Summers, sobrinha-neta de Irvine, afirmou em comunicado que "caiu no choro" quando Chin contou a ela sobre a descoberta. "Imagine minha surpresa quando recebi uma ligação de um cineasta de alta altitude em Kathmandu que queria falar sobre uma bota velha que ele havia encontrado em uma geleira no Everest alguns dias antes. A bota era de couro com pregos para aderência, o que significa que tinha sido usada para escalada. Havia uma meia grossa de lã saindo da bota - marrom e creme, o que significava que o usuário tinha deixado claro que queria manter os pés aquecidos na altitude", escreveu em seu site.

Chin classificou o achado como "monumental. "Às vezes, na vida, as maiores descobertas ocorrem quando você nem está olhando. Este foi um momento monumental e emocionante para nós e para toda a nossa equipe em campo, e esperamos que isso possa finalmente trazer paz de espírito para seus familiares e para o mundo do alpinismo em geral", declarou o documentarista.

Que a bota é dele, não há dúvida, graças à etiqueta com o nome na meia. E só por diversão, as faturas tanto da bota quanto das meias de lã de cordeiro estão no arquivo do Merton College, Oxford. Há até uma fotografia de Sandy secando suas meias em Shekar Dzong na coleção da Royal Geographical Society. Às vezes, a história se junta lindamente, como uma lã perfeitamente tricotada. E acontece que as roupas importam.
Julie Summers, em comunicado

Quem era Andrew Comyn Irvine

Sandy Irvine em 1923 Imagem: Reprodução/Julie Summers

O britânico Irvine tinha apenas 22 anos quando desapareceu. Ele era o membro mais jovem da expedição que intrigou o mundo do montanhismo durante um século. Irvine e o seu parceiro Mallory foram vistos com vida pela última vez em 8 de junho de 1924.

Julie Summers descreve Irvine como "um belo jovem que morreu no auge da juventude". Em seu livro, a sobrinha-neta conta que Irvine veio de uma família de classe média alta em Cheshire, na Inglaterra. Ela diz que ele era bonito, atlético e um remador estrela em Oxford.

A busca pelos restos mortais de Irvine foi cercada de mistérios. Teorias apontavam que o corpo dele teria sido encontrado e removido da montanha. Encontrar os restos mortais de Mallory, em 1999, respondeu a várias perguntas sobre o destino dos dois homens, mas deixou duas grandes perguntas sem resposta. Onde estava Irvine? E a dupla havia chegado ao cume?

Historiadores e alpinistas ainda se perguntam se a dupla conseguiu ser primeira a chegar ao cume do Everest. Eles tentavam ser os primeiros a conquistar o Everest, façanha que só seria realizada em 1953. Edmund Hillary e Tenzing Norgay são oficialmente os primeiros a realizar o feito. Ao longo dos anos, montanhistas tentaram procurar o corpo de Irvine, já que ele supostamente carregava uma câmera com filme não revelado. O objeto poderia provar que eles haviam alcançado o feito. A câmera nunca foi localizada.

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