OPINIÃO
Onda Trump: candidato republicano reage e assusta campanha de Kamala
Josette Goulart
Da TixaNews
21/10/2024 10h20
As pesquisas eleitorais americanas erraram bastante nas duas últimas eleições. Em 2016, elas previram que a Hillary ia ganhar e o Trump é que ganhou. Em 2020, previram que Biden ia ganhar com uma boa margem de diferença, ganhou por poucos votos. Agora em 2024, só o que as pesquisas dizem é que eles estão empatados (assim fica fácil porque ninguém crava nada e deixa a serviço de Deus).
Dito isso, faltando 16 dias para as eleições (sim, BRASEW, apenas duas semanas), vou falar das pesquisas porque a gente gosta de especular mesmo.
E o que as pesquisas estão dizendo é que parece estarmos no meio de uma onda Trump. Ok, pode ser que seja só uma ondinha. Tem 16 dias aí para tudo mudar.
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Tixa, mas você escreveu que as pesquisas estavam mostrando empate. E estão, darling. Empate técnico.
Mas a Kamala Harris vem perdendo pontos dentro da margem de erro. Pelo agregado das pesquisas feito pelo New York Times, Kamala está apenas um ponto na frente de Trump. É a sua menor liderança desde a convenção democrata. (Nem aquele US$ 1 bi que ela arrecadou fizeram diferença.)
O combinado das pesquisas da semana passada mostram uma mudança de direção. Se a gente reparar que o noticiário só fala de Trump, já dava para notar essa ondinha. Mais eis os dados:
- Kamala liderou a pesquisa FoxNews por 2 pontos e agora Trump é que está liderando por 2 pontos.
- A Universidade Fairleigh Dickinson mostrou Kamala com 3 pontos na frente. Na pesquisa anterior ela tinha 7 de vantagem.
- A Faculdade de Direito de Marquette mostra um empate. Em agosto, a mesma pesquisa mostrava Kamala com 6 a mais.
- A Ipsos realizou diversas pesquisas que mostram Kamala com 2 a 4 pontos de vantagem. As mesmas pesquisas há poucas semanas mostravam Kamala 5 ou 6 pontos na frente.
- O Emerson College dá um empate. A pesquisa anterior dava Kamala com dois pontos na frente.
- Mas teve a pesquisa Marist mostrando Kamala 5 pontos na frente, acima dos 2 pontos da semana anterior.
- A pesquisa YouGov/Economist não mostrou nenhuma mudança; ela ainda está quatro pontos acima.
- Nos campos de batalha, hoje cedinho saiu a pesquisa do Washington Post mostrando um retumbante empate entre os dois nos sete estados.
Sim, mas?
Os analistas do site Politico dizem que está tendo uma escassez de pesquisas que eles consideram de alta qualidade (que conseguem captar melhor o público eleitor que fica meio escondido). No fim de semana, não teve nenhuma pesquisa importante divulgada, mesmo faltando só duas semanas para a eleição. E pior, relatam que a escassez de pesquisas nos estados indecisos é pior ainda. Isso é verdade, e estamos falando dos estados que vão decidir a eleição.
"O que é menos claro é se — se você estiver olhando para agregadores de pesquisas como RealClearPolitics, FiveThirtyEight ou Nate Silver's Silver Bulletin — está distorcendo a visão do público sobre as corridas", diz o Steven Shepard, que é um editor sênior de campanhas e eleição.
E estes são justamente os agregadores que a gente olha, BRASEW.
Por que Trump pode vencer?
O Nate Silver, por exemplo, que é um cara super respeitado no mundo das pesquisas, chegou a escrever no fim de semana os 24 motivos pelos quais Trump pode vencer. Sim, darling, teve isso. Vou listar aqui 16 pontos:
- A inflação chegou a 9% no meio do mandato de Biden. Ela diminuiu, mas os preços continuam altos.
- Percepção de que a economia não está bem e com crescimento lento da renda líquida das pessoas. E os eleitores sentem nostalgia dos primeiros anos de Trump.
- O populismo de Trump é altamente eficaz.
- A imigração foi de fato um problema sério no começo do governo biden.
- Kamala estava muito à esquerda em 2019, mudou isso agora, mas não explicou bem porque mudou.
- Vibrações culturais seguem indo para a direita. Homens jovens, especialmente, estão dando essa guinada.
- O domínio dos democratas entre eleitores negros e grupos raciais está diminuindo.
- Kamala começou tarde a corrida.
- Na corrida de 2016, os eleitores indecisos se opuseram fortemente a votar em uma mulher. (Por isso Trump não para de chamá-la de estúpida, burra, mentalmente incapaz. E também por isso, Obama subiu no palco de comícios para dar puxão de orelhas em homens que não votam em mulheres. Tem até um comercial da campanha de Kamala com homens estereotipados dizendo que são ainda mais homens porque votam em mulheres.)
- Confiança na mídia caiu de maneira abissal.
- Trump é um vigarista clássico, mas a arte do golpe é frequentemente eficaz (é o Nate que está dizendo, darling, direcione seu ódio para ele).
- O mundo se tornou mais instável no mandato de Biden com todas essas guerras.
- A guerra de Israel e Hamas, especialmente, dividiu a base democrata.
- O Musk Siberiano, o homem mais rico do mundo e superinfluente, entrou com tudo na campanha (aliás, a mais nova dele é sortear US$ 1 milhão por dia para eleitores registrados nos estados indecisos que assinarem aquela petição dele em favor da liberdade de expressão e das armas).
- Trump quase foi morto no começo da campanha.
- Kamala surfou uma boa onda o que a colocou numa posição interessante nas pesquisas, comparado com o que Biden tinha. Mas não conseguiu dar uma visão clara de suas propostas ao País. Sem os bons fundamentos da economia, fica difícil.
Os indecisos
Mas se tem uma campanha empatada aí nas pesquisas, significa que os candidatos precisam ganhar os indecisos dos sete estados-campo de batalha.
A estratégia da Kamala
A campanha da Kamala acredita que existem 10% de eleitores indecisos (a pesquisa New York Times diz que são menos de 4%). Mas eles acham que muitas mulheres republicanas podem mudar o voto por conta da política de aborto. Mas elas querem saber mais o que Kamala tem a dizer sobre a economia e a política de fronteira. Sim, darling, por isso Kamala foi dar entrevista na FoxNews, na semana passada. Mas também em vários outros programas porque não é fácil atingir uma audiência fragmentada como a dos dias de hoje.
Além disso, ela desfila por aí com a tal Liz Cheney (que já foi congressista republicana) e com mais uma penca de republicanos para mostrar: tá vendo? você mulher republicana também pode vir para o nosso lado nesta eleição.
Eles também começaram a fazer propaganda durante a programação diurna da FoxNews quando mais mulheres assistem ao canal.
Estratégia de Trump
As pesquisas da campanha de Trump mostram que os eleitores dos campos de batalha são seis vezes mais motivados por suas visões da guerra de Israel em Gaza do que em outros estados.
Cerca de 25% dos eleitores indecisos são homens negros. E os indecisos estão focados na economia porque sofrem dificuldades financeiras. Eles ganham menos do que os eleitores que já se decidiram. Aí, a estratégia de dizer o tempo todo que a economia está mal no governo Biden, que Kamala é uma continuação do Biden. De fazer sorteios milionários ?. De ser funcionário por um dia no McDonald's?
Para os Perdidos: Trump vestiu o avental de uma das lojas McDonald's neste fim de semana para confrontar a Kamala que diz que começou a vida trabalhando no McDonald's e não como bilionária como Trump.
Resumo da ópera: ninguém sabe o que vai acontecer. Muito menos eu.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL