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'Durona': 1ª mulher chefe de gabinete tocará projeto anti-imigração nos EUA

Do UOL, em São Paulo e colaboração para o UOL

08/11/2024 10h06Atualizada em 08/11/2024 13h42

Susie Wiles, 67, foi indicada pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, ao cargo de chefe de gabinete nos EUA.

Quem é Susie Wiles

Com fama de discreta e disciplinada, ela é a primeira mulher nomeada para a função. O cargo consiste em gerenciar a equipe da Casa Branca, organizar o tempo e a agenda do mandatário e manter contato com outros departamentos do governo e do poder.

Nos bastidores, ela também deve agir como conselheira do presidente eleito. A expectativa é de que ela seja uma das peça-chave para por em prática o plano de deportação em massa de imigrantes ilegais no país.

Natural da Flórida, Wiles foi gerente de campanha de Trump e é considerada "uma das principais arquitetas" da vitória dele. Ela trabalhou ao lado do colega Chris LaCivita e fez, segundo analistas internacionais, uma operação "mais disciplinada" para a terceira candidatura presidencial em comparação com as anteriores, e também foi importante para limpar o nome do republicano, após a invasão do Capitólio por apoiadores do republicano em 6 de janeiro de 2021.

"Não tenho dúvidas de que ela deixará nosso país orgulhoso", disse Trump. Ele chamou a estrategista ao palco após vencer a democrata Kamala Harris com grande vantagem. "Nós a chamamos de 'donzela do gelo", afirmou.

Longa trajetória na política. Filha do jogador de futebol americano e locutor esportivo Pat Summerall e bacharel em inglês pela Universidade de Maryland, Wiles começou a carreira política no escritório em Washington do deputado Jack Kemp, de Nova York, nos anos 1970. Depois disso, trabalhou na campanha vitoriosa de Ronald Reagan em 1980 como vice-diretora responsável pela agenda do candidato.

Ocupou seu primeiro cargo na Casa Branca em 1981. Por um ano, ela foi responsável pela agenda do já eleito Reagan, como "assistente especial do presidente", aponta seu perfil no LinkedIn. Ela deixaria o gabinete um ano depois, mas seguiria no governo, como assistente especial do Secretário do Trabalho Raymond J. Donovan.

Em 1984, deixou a administração pública e foi para a Flórida, onde assessorou dois prefeitos de Jacksonville e trabalhou para a deputada Tillie Fowler. Depois, passou a se dedicar a campanhas eleitorais, sendo responsável por ajudar o empresário Rick Scott a se eleger governador do estado. Em 1988, atuou por alguns meses como vice-diretora de operações da campanha de Dan Quayle, então candidato a vice-presidente na mesma chapa que o republicano George H.W. Bush. A dupla venceu as eleições.

Trajetória com Trump começou em 2016. Ela foi conselheira sênior de sua primeira campanha presidencial, que o levou à Casa Branca e participou ainda da tentativa de reeleição em 2020. Neste ínterim, Susie atuou ainda como conselheira sênior para a campanha ao governo da Flórida de Ron DeSantis, mas os dois se desentenderam, segundo a rede americana CNN, e DeSantis chegou a pedir que Trump a demitisse da sua campanha à reeleição em 2020 — o que acabou acontecendo, mas durou pouco.

Filha dela foi parte do primeiro governo Trump, mas deixou a Casa Branca após saia-justa. Caroline Wiles assumiu o cargo de diretora de agenda e vice-assistente do presidente em 2017, logo após a posse, uma escolha que o jornal The Washington Post classificou à época como parte de um cenário de "caos" devido ao seu "histórico incomum para um membro sênior da Casa Branca", já que ela não havia nem se formado na Flagler College, uma pequena faculdade de artes liberais na Flórida.

FBI "tirou" Caroline do cargo. Após ser investigada, agentes descobriram que ela havia tido problemas com a Justiça americana após ser pega dirigindo embriagada em 2005 e 2007. Como não foi aprovada na checagem de segurança realizada pelo órgão, a filha de Susie teve que deixar a Casa Branca apenas um mês depois, em fevereiro de 2017.

Caroline Wiles voltou à equipe de Trump na campanha de 2024. Segundo a organização de jornalismo investigativo ProPublica, ela recebia o quarto salário mais alto de toda o time que trabalhou para eleger o republicano, ganhando cerca de US$ 222 mil (ou R$ 1,28 milhão) ao ano, para atuar como uma "expert em logística". À ProPublica, Caroline disse que a posição de sua mãe na campanha não teve a ver com sua contratação. "Como ganhei o emprego? Porque mereci. Não acho que tem algo a ver com Susie". No entanto, a própria mãe admitiu que ela e outro membro da equipe contrataram sua filha.

Nas primárias, Susie Wiles liderou a campanha primária de Trump contra DeSantis. O bilionário derrotou o governador da Flórida na escolha do candidato do partido.

Susie é durona, inteligente, inovadora e é universalmente admirada e respeitada. Susie continuará a trabalhar incansavelmente para Tornar a América Grande Novamente.
Donald Trump, ao anunciar Susie Wiles como chefe de gabinete

Tema da imigração foi constante na campanha de Trump

Presidente eleito deu declarações racistas sobre o assunto. No ano passado, ele disse que os migrantes estavam "envenenando o sangue do nosso país". Em outubro último, afirmou que imigrantes irregulares cometem assassinatos porque têm "genes ruins".

Trump prometeu a "maior operação de deportação doméstica na história americana". O objetivo seria expulsar 11 milhões de imigrantes ilegais, estima artigo da revista Time. O método será encurtar os processos de deportação, realizando as expulsões sem a realização de audiências, exigidas por lei atualmente.

Para cumprir a promessa, Trump gastaria bilhões de dólares. O custo para deportar um milhão de imigrantes ilegais por ano custaria mais de US$ 88 bilhões (R$ 502,3 bilhões em valores de hoje), totalizando US$ 967,9 bilhões (R$ 5,5 trilhões) ao longo de mais de 10 anos, de acordo com relatório do Conselho Americano de Imigração.

Resultado de expulsão em massa pode ser desastroso. A remoção abrupta de milhões de imigrantes provavelmente levaria à instabilidade econômica, particularmente em indústrias fortemente dependentes de mão de obra dos ilegais, como agricultura e turismo.

Exército e campos de detenção. Um dos planos do republicano é mobilizar tropas federais no exterior para a fronteira sul do país, que dá acesso à América Latina, onde os militares teriam autorização para prender imigrantes. O candidato também quer construir campos de detenção para irregulares, medida que, segundo ele, vai acelerar o processo de expulsão no país.

*Com informações da DW

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