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O que são generais 'woke', que Trump promete expulsar do Pentágono

Colaboração para o UOL*

12/11/2024 12h00

Durante sua campanha, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu expulsar das Forças Armadas os militares considerados "woke".

O que significa a expressão

Surgiu na comunidade afro-americana para transmitir a ideia de "estar alerta para as injustiças raciais". "Muitas pessoas acreditam que quem o cunhou foi (o romancista) William Melvin Kelley (1937-2017)", explicou Elijah Watson, do site americano Okayplayer e autor de uma série de artigos sobre a origem do termo.

Nos últimos anos, o termo ganhou um sentido mais amplo, principalmente após o movimento Black Lives Matter, em 2013. A palavra "woke" tem seu significado literal derivado do verbo "wake", que significa acordar ou despertar, em tradução livre. Para o povo norte-americano, ser ou estar "woke" passou a se referir a posturas políticas liberais ou de esquerda, especialmente aquelas a temas relacionados à conscientização social, como questões de igualdade racial, feminismo, movimento LGBTQIA+, vacinação, ativismo ecológico e direito ao aborto.

Em 2017, o dicionário inglês Oxford acrescentou um novo significado para "woke". O termo ficou definido como "estar consciente sobre temas sociais e políticos, especialmente o racismo".

Para os republicanos e conservadores, o termo é utilizado de forma depreciativa e pejorativa. O próprio dicionário Oxford faz essa distinção. Após a definição, ele acrescenta que o termo é "frequentemente usado de forma depreciativa por aqueles que acreditam que outros se ofendem facilmente com esses assuntos ou falam demais sobre eles, sem gerar mudanças concretas". Outro dicionário inglês, o Merriam-Webster, também diz que o "woke" é "usado de forma pejorativa para se referir a alguém politicamente liberal, especialmente em temas como justiça racial e social, quando essa postura é vista como insensata ou extremista".

Trump versus 'woke'

Republicano já havia banido membros transgênero do serviço militar. Em 2019, durante seu primeiro mandato, Trump disse que durante sua administração, os Estados Unidos não teriam um exército "woke". A medida imposta anulou a decisão tomada anteriormente pelo governo de Barack Obama que havia autorizado alistamento de pessoas transgênero.

"Faxina" no Pentágono. "Eu os demitiria", respondeu Trump para a Fox News ao ser questionado em junho sobre demitir generais descritos como "woke".

Aliados do republicano têm defendido o uso de ordens executivas e alterações nas regras para substituir milhares de servidores públicos por aliados conservadores. "Estamos nos preparando para o pior cenário, mas a realidade é que ainda não sabemos como isso vai acontecer", disse um oficial de defesa para a CNN americana.

C.Q. Brown é um dos nomes principais que está na mira do republicano, segundo alguns funcionários da Casa Branca. Atualmente chefe de Estado-Maior Conjunto da Força Aérea, Brown é um homem negro, general de quatro estrelas, ex-piloto de caça e comandante militar amplamente respeitado. Ele tem sido uma voz ativa em favor da diversidade nas Forças Armadas dos EUA. Em 2020, ele publicou um vídeo sobre a discriminação nas Forças Armadas logo após o assassinato de George Floyd.

O vice-presidente eleito de Trump, J.D. Vance, votou contra a confirmação de C.Q. Brown para se tornar o principal oficial militar dos EUA no ano passado. Ele tem sido um crítico da resistência percebida às ordens de Trump dentro do Pentágono. "Se as pessoas em seu próprio governo não estão obedecendo, você precisa se livrar delas e substituí-las por pessoas que cumpram o que o presidente está tentando fazer", disse Vance em uma entrevista ao jornalista Tucker Carlson antes da eleição.

Ex-generais e ex-secretários de Defesa de Trump estão entre seus críticos mais ferozes, chamando-o de "impróprio para o cargo". Irritado, Trump sugeriu que Mark Milley, seu ex-chefe do Estado-Maior Conjunto, poderia ser executado por traição. "Em tempos passados, seu castigo teria sido a morte", escreveu na rede social Truth Social. Já John Kelly, ex-chefe de gabinete da Casa Branca, afirmou, antes da eleição, que Trump se encaixa "na definição geral de fascista" e que ele havia falado da "lealdade dos generais nazistas de Hitler", conforme publicação da CNN americana.

* Com Reuters

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