Geórgia: opositor alega fraude e joga tinta no chefe de comissão eleitoral
Do UOL, em São Paulo*
16/11/2024 19h31Atualizada em 16/11/2024 19h31
O chefe da Comissão Eleitoral da Geórgia, Giorgi Kalandarishvili, foi atingido no rosto com tinta em uma reunião do órgão neste sábado (16), pouco antes de anunciar os resultados finais das eleições parlamentares do mês passado no país.
O que aconteceu
Kalandarishvili foi atacado por opositor que protestava contra resultado do pleito legislativo. O autor do ataque é David Kirtadze, membro do partido de oposição UNM (Movimento Nacional Unido), do ex-presidente Mikheil Saakashvili. Ele alega fraude nas eleições legislativas de 26 de outubro.
Kirtadze se levantou e começou a discutir com o chefe da comissão eleitoral durante reunião do órgão. Ele então pegou um copo com tinta preta e jogou contra Kalandarishvili. O evento contava com os membros de todos os partidos que participaram da eleição para o anúncio oficial, na capital Tbilisi.
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Ataque resultou em lesão ocular no chefe da comissão. Kalandarishvili voltou à reunião com um curativo no olho esquerdo, depois de ter assinado um protocolo que confirmou Georgian Dream, partido governante pró-russo, como vencedor do pleito no país. A sigla recebeu 53,9% dos votos, conquistando 89 assentos em um parlamento de 150 assentos, informou a mídia georgiana.
Ministério das Relações Internas informou que iniciou uma investigação sobre o incidente, conforme apurado pela Reuters.
Acusações de fraude eleitoral
Após eleições, apoiadores dos partidos da oposição organizaram vários protestos em Tbilisi, alegando fraude eleitoral. Segundo apuração da Reuters, duas empresas de pesquisas da Geórgia alegam que os resultados eleitorais oficiais sugerem manipulação, pois divergiam fortemente das pesquisas de boca de urna realizadas para canais de televisão pró-oposição.
Presidente da Geórgia afirmou à imprensa alemã que Rússia manipulou as eleições legislativas e pediu que um novo pleito fosse convocado. "Para essas novas eleições precisamos do apoio dos nossos parceiros europeus para que a Geórgia consiga o que merece: eleições livres e justas", declarou Salome Zurabishvili, em entrevista à emissora RND, no fim de outubro.
Adversários do partido vencedor dizem que sigla quer afastar a nação do Cáucaso da Europa e colocá-la de volta na órbita da Rússia. Já o Georgian Dream afirma que quer proteger o país da "influência estrangeira subversiva" e de ser arrastado para uma guerra com a Rússia, como ocorre com a Ucrânia.
Partido vencedor diz ainda que continua empenhado em procurar um futuro na União Europeia. Mas o bloco europeu afirma que congelou o pedido de adesão da Geórgia devido a preocupações com o declínio democrático do país.
* Com informações da Reuters