Fala de Lula sobre redução de jornada é sólida como gelatina
Discursando na cerimônia de encerramento do G20 Social, Lula fez uma pálida defesa da redução da jornada de trabalho. Disse que o grupo integrado pelas maiores economias do planeta "precisa discutir uma série de medidas para reduzir o custo de vida e promover jornadas de trabalho mais equilibradas." Declarou que é preciso "ouvir a juventude, que enfrentará as consequências das tarefas que deixarmos inacabadas."
O comentário soou desmoralizante, contrangedor e oportunista. Desmoraliza porque Lula expôs em duas frases um objetivo que não alcançou nos seus dois mandatos anteriores, de 2003 a 2010. Constrange porque, a redução da jornada voltou a existir para o governo apenas no mundo das palavras quando o terceiro mandato do orador está prestes a completar aniversário de dois anos.
A manifestação é oportunista porque pega carona no debate sobre o fim da escala 6X1, que bombou nas redes sociais. Lula surfa na onda da PEC do PSOL abstendo-se de mencionar a iniciativa da deputada Erika Hilton. De resto, transfere para a agenda futura do G20 uma discussão que o Planalto hesita em travar no Congresso. Desconsidera que vários países do bloco já implantaram jornadas "equilibradas".
A ligeireza com que Lula tratou do tema resultou numa fala sólida como gelatina. Se serviu para alguma coisa foi para revelar que Lula pode ter compreendido uma obviedade: sob o efeito das redes sociais, a conjuntura muda tão rapidamente que aquele que inventa pretextos para que alguma coisa não seja feita acaba sendo surpreendido por alguém que está fazendo a coisa.
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