Landim: Milei tenta ser emissário de Trump, mas não tem peso diplomático

O presidente argentino Javier Milei tentou, mas não conseguiu brecar de vez o pacto do G20 contra a fome — um resultado que pode ser entendido como uma vitória diplomática do Brasil e uma derrota para o líder argentino, que tentou ser um "emissário" de Donald Trump na cúpula, afirmou a colunista Raquel Landim no UOL News desta segunda-feira (18).

Para Landim, ficou claro que a Argentina não possui um peso diplomático tão forte quanto o dos Estados Unidos para tentar impedir o acordo. Porém, isso não significa que Milei ainda não possa interferir no texto final da cúpula.

O Brasil já pode abraçar isso e cantar como uma vitória diplomática. Milei ficaria completamente isolado e não teria como defender esse posicionamento. Quem estará a favor da fome no mundo? Não tem como defender isso.

Milei ainda pode provocar um constrangimento e barrar a declaração final? Pode. Essas declarações de cúpula, como a dos países do G20, são declarações que precisam ser assinadas por consenso. Mas vamos colocar que ele não tem esse efeito tão grande como às vezes a gente tem essa sensação. Porque a Argentina, apesar de poder brecar uma declaração final, não tem o peso diplomático de um país como os Estados Unidos. Quando Donald Trump assumir, a gente terá implicações maiores.

A colunista acrescenta que, além da pressão do Brasil, Javier Milei também deve ter considerado o posicionamento de países estratégicos como a França e a China — os chineses são os maiores compradores das commodities argentinas.

A Argentina não está sofrendo a pressão da diplomacia brasileira apenas, está sofrendo a pressão de Emmanuel Macron, da França, da pressão de Xi Jinping, da China, que é quem compra as commodities argentinas. Por mais forte esse esforço que o Milei faz para ser uma espécie de emissário do Trump nesse G20, não é tão simples para ele assim.
Raquel Landim

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