Wade Wilson morreu? Onde está o 'belo e cruel' condenado por matar mulheres
Wade Wilson, de 30 anos, condenado à morte pelo assassinato de duas mulheres no estado da Flórida (EUA) em 2019, segue preso na Instituição Correcional da União, também no estado, onde ficam os presos que aguardam a pena capital. Ele foi condenado no fim de agosto.
Entenda o caso
Defesa de Wilson já entrou com recurso da sentença de morte do cliente, proferida em agosto, na Suprema Corte da Flórida. Uma audiência para conferência dos autos do processo ocorreu em 13 de novembro, conforme apurou a reportagem do UOL no sistema judicial do estado. Outra audiência deve ocorrer em 19 de dezembro.
Relacionadas
Processos de apelação não costumam andar rápido no judiciário dos EUA. Por exemplo, o condenado por homicídio Carey Dale Grayson, 50, foi executado em 21 de novembro, no estado do Alabama, apenas 30 anos após o crime.
O reinício da pena de morte nos EUA, que ficou suspensa entre 1972 e 1976, resultou em apelações mais longas. Isso ocorre porque revisões obrigatórias de sentenças viraram norma e as mudanças frequentes nas leis norte-americanas e tecnologias levaram ao reexame de sentenças individuais, de acordo com o Death Penalty Information Center (Centro de Informações sobre a Pena de Morte, em tradução livre).
Com esse cenário, Wilson não tem data para ser executado e aguarda a análise da apelação feita pela defesa dele. Também não há previsão para que o judiciário norte-americano examine o recurso dele.
Wilson foi transferido no fim de agosto para a Instituição Correcional da União, localizada na vila de Raiford, no condado de Union, também na Flórida. Antes, ele estava preso desde 2019 na Penitenciária do Condado de Lee, em Fort Myers, na Flórida.
Advogado de Wilson, Michael Ufferman, é conhecido por trabalhar com apelações no Judiciário norte-americano. Ele ganhou um prêmio de "advogado do ano" de 2024 da cidade de Tallahassee, na Flórida. Além de advogar, Ufferman também é professor-adjunto de processo criminal da Faculdade de Direito da Universidade do Estado da Flórida, conforme a revista Newsweek.
Décadas no corredor da morte
Condenados à pena capital nos EUA passam mais de 10 anos no corredor da morte aguardando execução ou decisões judiciais que anulem a pena de morte. Não há uma medida precisa sobre o tempo que os condenados ficam no local, segundo o Centro de Informações sobre a Pena de Morte.
Alguns dos presos chegam a ficar um curto período de tempo no corredor da morte antes de a condenação ser anulada nos tribunais. Enquanto outros ficam mais de 40 anos nessa situação antes de serem executados, perdoados ou receberem uma nova sentença que não é a de morte.
Atualmente, mais de metade no corredor da morte nos EUA estão presos há mais de 18 anos. Os detidos nesta condição, geralmente, são isolados de outros presos, excluídos de atividades educacionais e têm restrição de visitas e tempo de exercícios. Alguns chegam a passar até 23 horas por dia sozinhos em suas celas.
Como que Wilson aguarda a pena capital no corredor da morte?
Na prisão onde Wilson está, os presos no corredor da morte têm direito a lanches, rádio e TVs de 13 polegadas. As televisões, porém, não contam com canal por assinatura e os condenados também não têm direito a ar-condicionado nas celas, informou o Departamento de Correções da Flórida, segundo o jornal local The News-Press.
Condenados que aguardam a pena capital usam camisetas laranjas para se diferenciarem dos outros presos. No entanto, eles usam calças azuis, assim como os demais detidos na unidade prisional. Até o início de setembro, a Instituição Correcional da União tinha outros 274 homens na ala de condenados à morte. A capacidade da unidade prisional é de 1.486 presos — no local, também há não condenados à pena capital.
Eles recebem três refeições por dia, sendo uma às 05h (horário local), outra das 10h30 às 11h e das 16h às 16h30. A comida é feita pela equipe da prisão e transportada até as celas, onde os presos recebem garfos para se alimentarem. Os detidos não podem ficar juntos em uma sala comum.
Banhos somente em dias alternados. As visitas são aceitas, mas devem ser pré-aprovadas pela direção da instituição. Os detidos também podem receber cartas todos os dias, exceto feriados e fins de semana.
A contagem dos presos no corredor da morte ocorre ao menos a cada hora. Eles devem usar algemas em todos os lugares da prisão, menos dentro da cela e no pátio onde fazem exercícios físicos. Os detidos só deixam a cela por questões médicas, para fazer exercícios, receber visitas (incluindo de seus advogados) ou entrevistas à imprensa.
Quais crimes que Wilson cometeu?
Wilson, então com 25 anos, conheceu Kristine Melton, 35, e uma amiga dela, Stephanie Sailors, em 7 de outubro de 2019 em um bar na cidade de Fort Myers, na Flórida. Segundo depoimento no julgamento, o trio deixou o estabelecimento depois que ele fechou e foi até a casa de um homem, Jayson Shepard, onde ficaram por horas antes de irem embora pela manhã.
Depois, Kristine, Stephanie e Wilson foram para a casa de Kristine na cidade de Cape Coral, na Flórida. Após algum tempo, Stephanie foi embora e o homem estrangulou a dona da residência até a morte enquanto ela dormia. O homem também roubou o carro da vítima e dirigiu para encontrar sua namorada, Melissa Montanez, informou o jornal local The News-Press.
Melissa se recusou a entrar no carro onde Wilson estava e foi agredida. Apesar disso, ela conseguiu fugir. Então, pouco tempo depois, o homem viu Diane Ruiz, de 43 anos, caminhando por uma rua de Cape Coral e fingiu pedir informações para ela.
Wilson atraiu Diane para o carro e tentou estrangulá-la. O criminoso ainda dirigiu até um terreno baldio, espancou e estrangulou a vítima após ela tentar fugir. Ele ainda empurrou a mulher para fora do carro e a atropelou de 10 a 20 vezes.
Após os crimes, Wilson teria ligado para o pai, Steven Testasecca, diversas vezes. O criminoso disse que havia matado duas mulheres e narrou detalhes das ações. O genitor, então, colocou o telefone no viva-voz e a mãe biológica de Wilson ouvia e repassava as informações que o homem dizia à polícia.
Pai de Wilson perguntou a localização do filho e disse que enviaria um carro por aplicativo. Porém, Testasecca informou o paradeiro do homem à polícia. Ele fugiu, mas foi preso em 8 de outubro de 2019.
Corpo de Diane foi encontrado três dias depois em uma área de mata.