Horas antes de posse, Maduro exalta eleição, ignora denúncias e caso Corina
Horas antes da posse, o presidente venezuelano Nicolás Maduro fez publicações em que exalta as eleições do país e ignora as denúncias de repressão do governo contra opositores, incluindo a suposta prisão da líder opositora María Corina Machado, 57, nesta quinta-feira (9).
Maduro tomará posse na sexta-feira (10) para o seu terceiro mandato consecutivo de seis anos.
O que aconteceu
Maduro publicou fotos de atos dos apoiadores no país nesta quinta. Em uma publicação no Telegram, na noite de hoje, o presidente declarou que o povo "corajoso" da Venezuela está nas ruas do país "ratificando a vontade manifestada no dia 28 de julho", quando ocorreram as eleições em que Maduro diz ter saído vitorioso, data classificada por ele como "vitória popular". O opositor Edmundo González também afirma ter ganhado a disputa.
Político diz ter escrito a mensagem com alegria, satisfação e compromisso. "Juntos nos tornamos guardiões da paz e defensores da constitucionalidade e da soberania nacional", acrescentou.
Em uma segunda publicação, o presidente postou um vídeo de 58 segundos com imagens que seriam dos apoiadores nas ruas. "Hoje, em toda a Venezuela, o povo se mobiliza nas ruas em defesa da paz e da verdade, em união e alegria pelas famílias, pelo futuro, em Vitória Popular. Em 10 de janeiro, juramos pela paz da pátria", discorreu.
Na legenda, Maduro escreveu que o registro era "para quem não quer ver a verdade". Ele afirmou que, mais uma vez, o povo venezuelano encheu as ruas "com sua força e lealdade". "É a fúria bolivariana que dissemos no dia 28 de julho e hoje ratificamos: Vitória da Pátria! Vitória da Paz", concluiu.
Mesmo com o dia agitado no país, o presidente ignorou as denúncias de repressão do governo antes da posse e o caso Corina. Nesta quinta, o movimento Vente Venezuela divulgou que a opositora foi presa após ser "violentamente interceptada" ao deixar uma manifestação contra a posse de Maduro na região de Caracas. Horas depois, anunciou que a mulher foi libertada.
Os chavistas também convocaram um ato paralelo para apoiar Maduro, que assumirá seu controverso terceiro mandato, em meio a uma nova onda de prisões de opositores e líderes da sociedade civil que gerou condenação internacional. A cerimônia de posse presidencial está marcada para sexta-feira no Parlamento, controlado pelo chavismo.
Entenda o caso
A prisão de Corina foi informada à AFP por uma fonte próxima à dirigente e a situação também foi divulgada pelo partido da opositora. A equipe política de Corina e Edmundo González denunciou na rede social X que ela "foi violentamente interceptada ao deixar a concentração".
A mensagem afirmava que agentes do regime "dispararam contra as motocicletas que a transportavam", sem fornecer mais detalhes. A publicação foi compartilhada no perfil de Corina.
No início da noite desta quinta-feira (9), a equipe de Corina divulgou a liberação dela. "Hoje, saindo da concentração em Chacao, em Caracas, Corina foi interceptada e derrubada da motocicleta que dirigia. (...) Eles a levaram embora à força. Durante o período do sequestro, ela foi obrigada a gravar vários vídeos e posteriormente foi libertada. Nas próximas horas ela se dirigirá ao país para explicar os fatos."
No X, Edmundo González, que afirmar ter ganhado às eleições venezuelanas, exigiu a liberação da opositora. Depois da divulgação da soltura, ele declarou que o caso é "muito sério": "María Corina estar livre não minimiza o fato de que o que aconteceu foi ela ter sido sequestrada em condições de violência". Mais cedo, o político havia divulgado que a mulher estava nas ruas de Caracas e acrescentou: "Glória às pessoas corajosas!".
*Com AFP