EUA: Número de mortos em incêndios que atingem Los Angeles sobe para 10
Do UOL e Colaboração para o UOL, em São Paulo*
09/01/2025 21h07Atualizada em 10/01/2025 04h15
Bairros inteiros nos arredores de Los Angeles foram devastados por incêndios que continuam fora de controle nesta quinta-feira (9), impulsionados por fortes rajadas de vento, segundo as autoridades. Pelo menos 10 pessoas morreram. Os moradores descrevem cenas "apocalípticas".
O que aconteceu
Ventos "com força de furacão" alimentaram incêndios. A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, afirmou que eles são formados pela "seca extrema". Os ventos de "Santa Ana" são comuns no outono e inverno californianos. Mas nesta semana, atingiram a maior intensidade desde 2011, de acordo com meteorologistas. As rajadas de vento diminuíram de intensidade na manhã desta quinta-feira, mas podem voltar a ganhar força nesta noite, alertou o Serviço Meteorológico dos EUA (NWS).
Número de mortos deve subir, afirma xerife de Los Angeles. O Departamento Médico Legal de Los Angeles informou que recebeu notificação de 10 mortes até o momento. Nenhum nome foi divulgado pelo legista. Mais cedo o Corpo de Bombeiros havia dito que pelo menos cinco pessoas morreram em Eaton perto de Pasadena. Outras duas mortes foram confirmadas em Palisades. "Não estamos ansiosos por esses números", declarou o xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna.
Chefe dos bombeiros descreveu incêndio como "um dos piores desastres naturais da história de Los Angeles". Até o momento, os incêndios já consumiram quase 30 mil acres (pouco mais que 12 mil campos de futebol), e quase nada foi controlado.
Mais de 180 mil pessoas em toda a área receberam ordens para deixar o local. "É provável que o fogo continue avançando, seja por incêndios em curso ou novos focos, durante toda a quinta e sexta-feira", informou um boletim do Serviço Meteorológico Nacional dos EUA (NWS, na sigla em inglês).
Chefe dos bombeiros alega falta de pessoal. "Não temos bombeiros suficientes em Los Angeles para lidar com essa situação", disse Anthony Marrone, chefe dos bombeiros da região, na quarta-feira. "Mais de 7.500" bombeiros, alguns de outros estados dos EUA, estão liderando a luta contra esses "incêndios sem precedentes em Los Angeles", disse o governador da Califórnia, Gavin Newsom.
O presidente Joe Biden, que deixa o cargo dia 20 de janeiro, está na Califórnia. Após liberar ajuda federal para aumentar o combate a incêndios, ele cancelou uma viagem planejada para quinta-feira à Itália, anunciou a Casa Branca. Na noite de hoje (9), anunciou que o governo federal destinará, pelos próximos seis meses, 100% do valor do fundo respostas a desastres para auxiliar na recuperação das áreas atingidas.
"Este é o incêndio mais amplo e devastador da história da Califórnia", afirmou Biden ao convocar uma reunião especial do alto escalão de seu governo na Casa Branca. "Eu disse ao governador e às autoridades locais para não pouparem despesas", disse, chamando os danos de "catastróficos".
Mais de 400 bombeiros e 30 aviões e helicópteros do Departamento de Defesa serão encaminhados para a região, segundo a CBS News. O secretário da defesa também autorizou o encaminhamento de 500 agentes para fazer a limpeza nas áreas de incêndio.
Dos cinco focos ativos, apenas dois já foram parcialmente contidos. Até às 20h30 (horário de Brasília), o chamado Lidia Fire, que já atingiu 348 acres, foi 60% apagado. Já o Hurst Fire, com 671 acres, teve 10% das chamas contidas. Os dois maiores, Palisades Fire (17.234 acres) e Eaton Fire (13.690 acres), além do Sunset Fire (43 acres, próximo a Hollywood) permanecem em chamas.
Uma das 10 vítimas fatais da tragédia é o morador de Altadena, Victor Shaw, que defendeu sua casa das chamas até o fim. "Parece que ele tentou salvar a casa que seus pais tiveram por quase 55 anos", disse seu amigo Al Tanner, que o encontrou sem vida, com uma mangueira de jardim na mão.
Autoridades pediram economia de água. A maioria da água usada por Los Angeles vem do rio Colorado e é usada principalmente pela indústria agrícola.
Situação é vista como "pesadelo" por bombeiros. A Califórnia registrou dois anos com muita chuva, a vegetação cresceu, e agora secou no inverno. Os galhos ajudam a manter as chamas acesas. Os incêndios, segundo os cientistas, podem ser consequência das mudanças climáticas, que aumentam a frequência de eventos climáticos extremos.
Fogo começou na terça-feira (7)
Mais de 5 mil edificações já foram queimadas, segundo o LA Times. Até agora, vinte pessoas foram presas tentando furtar casas evacuadas.
Um foco de incêndio em Hollywood restringiu o acesso a pontos turísticos do local. Áreas como a Calçada da Fama estão sob ordem de evacuação.
Mais de 420 mil estão sem energia. Segundo a plataforma PowerOutage.com, 424.608 pessoas estão sem luz no estado da Califórnia. A maioria delas (199 mil) em Los Angeles, área mais afetada pelo fogo.
*Com RFi