Casal é condenado por estuprar e oferecer filha a abusadores na França

A Justiça francesa condenou na sexta-feira (24) um homem e uma mulher por estuprarem e oferecerem a filha a estupradores recrutados pela internet. A menina tinha 10 anos quando os crimes começaram.

Atenção: Este texto pode conter relatos sensíveis para algumas pessoas.

O que aconteceu

Mulher foi condenada a 12 anos e homem a 17 anos pelo crime de estupro agravado. O caso foi julgado pelo tribunal criminal de Côtes-d'Armor, na Bretanha, noroeste da França, relata o site Armorique ici, citado por reportagem publicada no jornal Le Parisien.

Abusos sexuais contra a criança, hoje com 18 anos, aconteceram entre 2017 e 2022. O caso, que revoltou a França, relembra o famoso julgamento de estupros de Mazan, em que diversos homens foram condenados por estuprar a francesa Gisèle Pelicot, dopada pelo marido e oferecida a estranhos na Internet.

Pai foi acusado de estuprar a filha adotiva quase todos os dias. No tribunal, na quinta-feira (23), a vítima disse que as agressões começaram quando ela estava "no CM2", o equivalente francês do ensino fundamental. Às vezes, a mãe também participava do abuso sexual.

Investigação apontou que outro homem também abusou da menina pelo menos 50 vezes. O estuprador, próximo da família e amante tanto da mãe quanto do pai da garota, foi condenado a 10 anos de prisão por estupro qualificado.

"Para que as pessoas soubessem". Vítima, agora com 18 anos, não quis que o julgamento fosse fechado, decisão semelhante à tomada por Gisèle Pelicot.

Jovem enxugou as lágrimas após a leitura da sentença na sexta (24). Segundo Armorique ici, ela disse que, no futuro, pretende se tornar policial.

Os nomes dos condenados não foram divulgados pela mídia francesa.

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"Tinha medo que ela engravidasse"

Pai usava um site para divulgar fotos nuas da menina. Ele marcava encontros com os abusadores em locais como praias de nudismo, estação de trem desativada ou até em rodovias. No local, entregava a filha aos estupradores.

No tribunal, o genitor afirmou que "gostava de assistir" os abusos sexuais e era viciado em sites pornográficos. "Ela [a vítima] começou a tomar pílula quando menstruou, na 5ª série. Eu tinha medo que ela engravidasse", afirmou o criminoso.

O site usado pelo pai da menina para divulgar as imagens foi fechado pela justiça francesa. O fundador da plataforma, o italiano Isaac Steidl, foi indiciado em Paris, em 9 de janeiro, por um juiz da Junalco (Jurisdição Nacional de Combate ao Crime Organizado). A plataforma, acusada de ter facilitado a prática de crimes, ganhou destaque no caso de estupro de Mazan, que repercutiu no mundo inteiro.

Caso Pelicot

Dominique Pelicot foi condenado a 20 anos de prisão. Ele drogou sua esposa, Gisèle, para estuprá-la e a ofereceu a dezenas de usuários de uma plataforma para fazerem o mesmo.

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Em 19 de dezembro, um tribunal francês condenou 51 acusados, com idades entre 27 e 74 anos. A maioria foi julgada pelo estupro agravado de Gisèle entre 2011 e 2020. Após quase quatro meses de julgamento, Dominique Pelicot foi condenado a 20 anos de prisão. Entre os outros agressores, a pena mais baixa foi de três anos.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

(Com RFI)

11 comentários

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Jean Pierre Verdager

Apenas 12 anos é muito pouco. Tinha que ser perpétua, com trabalho forçado.

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Elvio Bussacarini Junior

Pela gravidade dos crimes e pelas penas irrisórias, a justiça da França e seu código penal devem ser tão porcarias como do Brasil. Casos como esse merecem a guilhotina. 

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Luis Falcao

Tudo normal na c a n h o t a. É o mesmo que Simone de Beauvoir, símbolo da e s q u e r d a, fez. E, esse povo da lacrolandia aplaudiu. 

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