Trump congelou contratação de controladores de voo dias antes de acidente

O presidente Donald Trump congelou a contratação de controladores de voo na última semana, dias antes da colisão aérea entre um helicóptero do Exército dos EUA e um avião comercial da American Airlines em Washington, D.C., nesta quarta-feira (29).

O que aconteceu

Logo após a posse, em 20 de janeiro, Trump assinou um decreto que congelava a contratação de mais funcionários federais. No entanto, o texto da ordem presidencial garantia que "a ordem não se aplicava a funcionários militares das forças armadas ou posições relacionadas ao controle de imigração, segurança nacional ou segurança pública".

No dia 21, Trump também emitiu uma ordem para que a FAA (Administração Federal Aérea, a Anac dos EUA) interrompesse suas contratações com base na DEI, a política de diversidade, igualdade e inclusão. De acordo com o presidente, o governo Biden "buscou especificamente recrutar e contratar indivíduos com enfermidades sérias que poderiam impactar a execução de seus deveres essenciais que salvam vidas" dos americanos, por serem responsáveis pelo tráfego aéreo.

Donald Trump é questionado pela decisão administrativa
Donald Trump é questionado pela decisão administrativa Imagem: Reprodução

No dia 22, o Comitê da Câmara de Transporte e Infraestrutura denunciou que Trump havia "congelado a contração de controladores de voo". Em comunicado à imprensa, o deputado democrata Rick Larsen, membro do comitê, disse que "o bipartidário Ato de Reautorização da FAA de 2024 ordena que o governo contrate o número máximo de controladores de voo. É o que a lei diz, então o governo deve anular esta ordem executiva ridícula". Segundo ele, contratar controladores de voo é "a questão de segurança número um", de acordo com toda a indústria de aviação.

Em vez de trabalhar para melhorar a segurança aérea e diminuir custos para as famílias trabalhadoras americanas, o governo está escolhendo espalhar falsas alegações [sobre a política de] DEI para justificar esta decisão. Não estou surpreso pelas ações divisivas e perigosas do presidente, mas o governo deve reverter o curso. Vamos voltar à segurança da aviação e permitir que a FAA faça seu trabalho protegendo o público que voa. Rick Larsen, deputado democrata, membro do Comitê de Transporte e Infraestrutura da Câmara, em comunicado à imprensa

É importante destacar que é impossível, neste momento, afirmar que as ações de Trump ou dos controladores teriam causado o acidente. Investigações ainda estão em andamento.

O acidente na capital americana

Colisão entre helicóptero Black Hawk e avião da American Airlines aconteceu na aproximação para pouso, por volta das 21h dos EUA (23h de Brasília). O chefe do departamento de bombeiros de Washington D.C., John A. Donnelly, afirmou que as autoridades não acreditam que haja sobreviventes.

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Avião transportava 60 passageiros e quatro tripulantes. Já no helicóptero militar, três soldados estavam a bordo, de acordo com as autoridades locais.

Barcos da polícia fazem buscas por vítimas de acidente aéreo nos Estados Unidos
Barcos da polícia fazem buscas por vítimas de acidente aéreo nos Estados Unidos Imagem: REUTERS/Carlos Barria

Helicóptero Black Hawk realizava treinamento. O Exército dos EUA confirmou o envolvimento do helicóptero no acidente, além de afirmar que está colaborando com "as autoridades e forneceremos informações adicionais". A agência de notícias Associated Press afirmou que o helicóptero fazia um treinamento no momento da colisão.

Helicóptero seguia um padrão de voo. O secretário de Transporte dos EUA, Sean Duffy, afirmou que o voo de aviões militares na área é "usual", assim como o caminho seguido pelo avião. "Se você circula pela área, você vai ver que é frequente que as duas aeronaves voem pela região."

Trump alfinetou militares e controladores de voo

Trump criticou militares e controladores de voo. "O helicóptero estava indo direto para o avião por um longo período de tempo. É uma noite clara, as luzes do avião estavam acesas, por que o helicóptero não subiu, desceu ou virou?", questionou na rede social Truth.

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Por que a torre de controle não disse ao helicóptero o que fazer, em vez de perguntar se eles viram o avião? Esta é uma situação ruim que deveria ter sido evitada. Donald Trump

Autoridades ainda não esclareceram as causas do acidente. Imagens mostram o momento em que o helicóptero colide com o avião, que fazia a aproximação para pouso no Aeroporto Nacional Reagan.

Nas redes, diversos usuários questionaram ou até responsabilizaram o presidente por congelar as vagas de controladores de voo. Norma Torres, parlamentar democrata da Califórnia, também disse estar "rezando pelas famílias das vítimas e exigindo respostas".

Espaço aéreo da região é congestionado

Helicópteros militares são vistos com frequência na região de Washington, que abriga várias bases militares. Entre 2016 e 2019, houve 88 mil voos de helicóptero a cerca de 50 km do Aeroporto Nacional Reagan, sendo 33 mil militares e 18 mil de "aplicação da lei", segundo relatório do Escritório de Responsabilidade Governamental de 2021.

Rotas de voo serão modificadas, se necessário. O Secretário de Transportes dos EUA, Sean Duffy, prometeu a jornalistas nesta quinta que a FAA "tomará as medidas apropriadas, se necessário, para modificar as rotas de voo" e garantir a separação adequada entre aviões civis e helicópteros militares. Exército, Senado e Departamento de Defesa investigarão o caso.

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Aeroporto Nacional Reagan é um dos mais movimentados dos EUA
Aeroporto Nacional Reagan é um dos mais movimentados dos EUA Imagem: ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP

Em 2024, houve diversos casos de quase colisões no Reagan, o aeroporto mais próximo da capital dentre os três que servem a região de Washington. Em abril, incidente envolveu aviões comerciais da Southwest e JetBlue e, em maio, um jato da American Airlines e um avião de pequeno porte, segundo a agência Reuters.

Aeroporto é o mais movimentado dos EUA, com mais de 800 decolagens e aterrissagens diários. Na prática, um avião levanta voo ou pousa por minuto durante boa parte do dia; 90% deles em sua pista principal, já que as outras são consideradas curtas.

A falta de controladores de tráfego aéreo atrasou voos e levantou preocupações de segurança nos EUA no último ano. Em outubro de 2024, a FAA abriu uma auditoria sobre os riscos nas pistas dos 45 aeroportos mais movimentados do país. Apesar disso, o Congresso também aprovou cinco novos voos de ida e volta para Washington em 2024.

16 comentários

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Antonio Lins Rolim Jr

Pois é, a conta está chegando.

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Joao Carlos Matiola

Escutando o discurso desse presidente agora pela CNN só há uma conclusão: esse cara é um louco! Já está dizendo e culpando o que aconteceu sem ainda sair laudo oficial!  O que ainda vai acontecer nos USA?

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Cecilia Cristina Santanna Horn

Oportunistas de plantão já culpando Trump pelo acidente.... é realmente inacreditavel até  onde chega a cretinice de certas pessoas....

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