OPINIÃO
Josias: Netanyahu e Hamas descartam vidas para se manter em pé no poder
Colaboração para o UOL
18/03/2025 11h36
Tanto Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, como o grupo terrorista Hamas desprezam vidas humanas com o único intuito de permanecerem no poder, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta terça.
Na madrugada de hoje, Israel atacou postos do Hamas na Faixa de Gaza, colocando em colapso o cessar-fogo na região. Segundo o grupo terrorista, a ação causou mais de 400 mortes.
Prevaleceu a insensatez. O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas faria aniversário de dois meses hoje. Israel celebrou a data soltando bombas que mataram mais de 400 palestinos e desnortearam os familiares dos 59 reféns israelenses que ainda estão detidos em Gaza.
O primeiro-ministro israelense e o comando terrorista se acusam mutuamente de intransigência. Com apoio da Casa Branca, Netanyahu tentou apressar a libertação dos reféns até abril. O comando do Hamas rejeitou, sob o argumento de não dispor de garantias de que os combates não seriam retomados na sequência.
Esse colapso do cessar-fogo ocorre tendo um pano de fundo marcado pela fragilidade política dos dois lados. Com poderio militar destroçado, os terroristas sobrevivem hoje como uma guerrilha precária. Sob questionamento interno, Netanyahu depende do recrudescimento do conflito para se manter no poder. Se terminar [a guerra], acaba o fiapo de legitimidade do governo dele. Ele cai.
Na prática, Netanyahu e o Hamas estão descartando vidas para se manter no baralho. Josias de Souza, colunista do UOL
Josias lamentou a forma como Israel e Hamas colocam milhares de vidas em risco em nome da manutenção de seu frágil poder político.
Um grupo israelense que acompanha o destino dos reféns disse que o governo decidiu desistir deles. Do mesmo modo, o Hamas, que já não tinha apoio em Gaza antes dessa guerra, endurece a negociação de costas para palestinos que foram atraídos de volta para casa e agora recebem bomba na cabeça.
É uma insensatez generalizada conduzida por dois lados que perderam a credibilidade e estão sob questionamento político doméstico, e ninguém sabe onde isso vai parar. A única certeza disponível é que a insensatez leva à morte de palestinos e dos reféns.
É um ciclo de insensatez comandado por dois lados que dependem do conflito para se manter no noticiário e em pé. Josias de Souza, colunista do UOL
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