O aparelho perfeito por Sylvia Whitman: "enriquecedor" da experiência de leitura
Um grupo de personalidades internacionais responde à grande questão: qual é o seu aparelho perfeito?
Nunca houve uma época tão boa para ser leitor; afinal, hoje, temos uma infinidade de opções de dispositivos para acessar livros e textos.
Na Shakespeare & Co., em Paris, várias plataformas de leitura – movidas a bateria ou não – coexistem em harmonia. Os clientes podem folhear as páginas de brochuras antigas, como uma cópia de antiquário de "Suave É a Noite" ou novos romances, como o hipnótico Murakami de capa dura ou o mais recente lançamento de Zadie Smith; é possível pesquisar a coleção da biblioteca no segundo andar ou escolher um canto sossegado para ler com um dos tablets.
Encorajar a leitura, é isso que as livrarias fazem – mas uma vez que a tecnologia digital nos faz depender mais da tela que do papel, a impressão é a de que estamos sendo reprogramados, que nossa habilidade de "leitura profunda" é interrompida a toda hora pelo constante rolamento e deslizamento. E se a tecnologia pudesse reverter esse efeito e enriquecesse ainda mais a nossa experiência de leitura? Será que a combinação de nanotecnologia e neurociência nos permitiria usar melhor o cérebro? Hoje, é possível decorar um poema em algumas horas, mas talvez, no futuro, ao lermos "Guerra e Paz" pela primeira vez, algum dispositivo de melhoramento do cérebro nos permita memorizá-lo e sentir cada palavra do livro, a ponto de dominarmos a obra-prima.
A escritora Jeanette Winterson disse que a poesia que aprendeu durante a infância, vivida em uma casa sem amor, foi o que lhe salvou a vida; Ray Bradbury, em "Fahrenheit 451", mostra pessoas decorando livros para salvar as obras da destruição total. Se pudéssemos memorizar livros inteiros, nossa vida seria muito mais poética. Sem contar que, se tudo estivesse guardado na cabeça, ninguém mais teria que recarregar bateria.
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