Advogada que chamou homem de 'macaco' tem registro da OAB suspenso

A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) suspendeu o registro profissional da advogada Luana Otoni de Paula, que foi presa por injúria racial e agressão a um funcionário no aeroporto de Confins.

O que aconteceu

Luana não poderá exercer a profissão temporariamente. A decisão foi divulgada nesta quarta-feira (26) e pode ser consultada no CNA (Cadastro Nacional dos Advogados).

Ela já havia sido destituída de um cargo da OAB de Minas Gerais na terça (26). Uma portaria revogou a nomeação de Luana como presidente da Comissão de Direito da Moda, e foi assinada pelo presidente da instituição, Sérgio Leonardo.

A OAB-MG informou ao UOL que não poderá comentar sobre procedimentos ético administrativos por serem sigilosos. A reportagem também tenta localizar a defesa dela e o espaço segue aberto para manifestação.

Registro suspenso
Registro suspenso Imagem: Reprodução / CNA

Entenda o caso

A advogada, de 39 anos, teria chamado um funcionário da empresa Azul de 'macaco, vagabundo, cretino e bosta'. Ela era passageira de um voo que seguia para Natal (RN), às 13h30 de domingo (23), mas foi impedida de seguir viagem.

Mulher estava com sintomas de embriaguez, diz polícia. Segundo boletim de ocorrência, ela foi abordada pelo gerente operacional da empresa, após cair enquanto entrava no avião. Ele ofereceu atendimento médico e a convidou a se retirar, informando que ela seria realocada em outro voo.

Advogada chamou piloto de 'comandantezinho' após ser retirada da aeronave. Ainda conforme registro da polícia, Luana questionou se estavam felizes de "desembarcar uma patricinha do avião" e deu tapas, chutes e socos no funcionário. "Você precisa desse empreguinho. Você é pobre, um ferrado", teria dito.

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Imagens mostram que mulher deu tapas e chutes em funcionário. Câmeras do circuito interno do aeroporto mostram Luana atacando o homem, que tenta desviar. Depois, outro funcionário tenta separar, mas ela segue agredindo e depois sai carregando seus pertences. O áudio da confusão, porém, não foi captado.

A Azul disse que a "cliente indisciplinada" foi orientada a desembarcar por "comportamento inadequado". "No momento do desembarque, a cliente agrediu física e verbalmente um tripulante da Azul. A autoridade de segurança foi chamada para acompanhar o desembarque e, em seguida, os conduziu para delegacia para registrar depoimento e conduzir a apuração do caso", explicou a companhia aérea em nota.

Agentes da Polícia Federal foram chamados e deram voz de prisão. Segundo o boletim de ocorrência, no momento da prisão, Luana estava em um restaurante e exigiu que eles a esperassem pedir uma refeição. A mulher e as testemunhas foram, então, levadas para um posto da PM, onde a ocorrência foi registrada. O UOL buscou a Polícia Federal, mas não obteve retorno até o momento.

Aos policiais, Luana disse que obedeceu ordem para evitar constrangimentos. Segundo versão da mulher, ela foi abordada "de repente" e não obteve resposta quando questionou o funcionário sobre o motivo de saída do voo.

Após audiência de custódia, ela foi liberada da prisão cautelar na terça (26). O TJMG entendeu que a suspeita de crime cometido pela mulher não "se revestia de gravidade objetiva" e, por isso, a liberou.

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