10 espécies mais ameaçadas que o urso polar pelo aquecimento global
Do UOL, em São Paulo
11/02/2017 04h00
Você já deve ter visto a foto do urso polar ilhado no oceano sobre um bloco de gelo derretendo. O animal de pelo branco acuado pelo mundo que esquenta é símbolo dos trágicos efeitos do aquecimento global, mas ele não é a única vítima das mudanças climáticas e nem a que mais sofre.
De acordo com o IPCC (Painel Intergovernamental de Mudança Climática), ligado à ONU, a temperatura média da Terra terá um aumento médio de mais de 1,5°C até 2100, em relação à média de 1850 a 1900. O aquecimento da atmosfera e do oceano já têm suas consequências. A quantidade de neve e gelo diminuiu, o nível do mar subiu, e as concentrações de gases-estufa aumentaram.
Uma das maiores vítimas do aquecimento global são os recifes de coral.
O especialista em história natural Patrick Barkham publicou no jornal britânico The Guardian uma lista de 10 animais que podem desaparecer antes do urso polar caso o aquecimento global não seja contido.
Um deles, na realidade, já é considerado extinto pelas mudanças climáticas. O urso polar é considerado atualmente vulnerável, ameaçado de extinção.
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Imagem: Wikimedia Imagem: Wikimedia Coral de Staghorn e outros recifes de coral (Acropora cervicornis)
Recifes de coral são chamados de "floresta tropical do mares". A comparação, contudo, subestima o que representam essas formações. Elas abrigam uma diversidade de animais e plantas maior. Mas estão sendo mortos pelas mudanças climáticas. O recife de coral de Staghorn, no Golfo do México, na região da Flórida e da Bahamas, teve declínio de 98% em algumas de suas partes desde os anos 80. A elevação da temperatura dos oceanos causa o branqueamento e a morte dos recifes, colocando sob ameaça espécies que são completamente dependentes deles. Status: criticamente em perigo, ameaçado de extinção.
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Imagem: Wikimedia Imagem: Wikimedia 'I'iwi (Drepanis coccinea)
O 'I'iwi é um símbolo do Havaí e outras ilhas do Pacífico. Por ser uma pequena espécie confinada em ilhas e que não consegue migrar para outros lugares, o passarinho é bastante vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas. O aquecimento faz com que mosquitos se proliferem. A população da ave está sendo bastante impactada por doenças transmitidas pelos insetos, como malária e varíola aviária. Para proteger os passarinhos, ambientalistas buscam técnicas como as usadas contra o Aedes aegypti, transmissor da zika, dengue, chikungunya no Brasil. Status: vulnerável, ameaçado de extinção. Leia mais
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Imagem: Wikimedia Imagem: Wikimedia Rato de Bramble Cay (Melomys rubicola)
A mudança climática já provocou suas primeiras vítimas. Uma delas é o rato de Bramble Cay, uma pequena ilha da Austrália. O ponto mais alto da ilha está a apenas três metros acima do nível do mar. Na região, o nível da água subiu quase duas vezes a taxa média global entre 1993 e 2014. Desde 1998, a área de Bramble Cay que não é coberta pela maré alta diminuiu de 4 hectares para 2,5 hectares. Com isso, o roedor perdeu 97% de seu habitat. Ele foi visto pela última vez por um pescador em 2009. Status: extinto.
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Imagem: Wikimedia Imagem: Wikimedia Foca-anelada (Pusa hispida)
As mudanças climáticas fazem com que os ursos polares deixem a segurança do gelo marinho e fujam para o continente. A foca-anelada está acostumada a repousar sobre o gelo, conceber submersa e dar à luz sobre a superfície congelada. Os recém-nascidos são abrigados em berços, que requerem suficiente quantidade de neve. As temperaturas mais quentes da primavera fazem com que os berços de neve desmoronem e o gelo se quebre, separando os filhotes de suas mães. A contínua queda da população de focas-aneladas que vem sendo registrada pode deixar outra vítima. Afinal, elas são a principal fonte de alimento do urso polar. Status: pouco preocupante.
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Imagem: Mike Trenerry/Efe Imagem: Mike Trenerry/Efe Gambá branco de rabo anelado (Hemibelideus lemuroides)
Este marsupial que vive em árvores das encostas de Queensland, Austrália, preocupa muito os cientistas. Eles só são encontrados nas regiões elevadas da floresta e não podem sobreviver a temperaturas acima de 30°C. Uma onda de calor severa em 2005 matou a maioria dessas criaturas amantes do frio. Em julho de 2014, cientistas observaram quatro ou cinco adultos durante dez pesquisas. Status: quase ameaçado.
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Imagem: Wikimedia Imagem: Wikimedia Pinguim de Adélia (Pygoscelis adeliae)
A população de pinguins de Adélia, que vive na Antártida, tem registrado quedas acentuadas. Para os cientistas, elas estão ligadas ao clima em rápida mudança. Suas colônias na Antártica Ocidental chegaram a sofrer queda de 80% desde a década de 1970. Essa região é justamente a que vem registrando elevações maiores nas temperaturas da superfície do mar. A água mais quente afeta a disponibilidade de alimentos. Onde há menos peixes, os pinguins comem mais krill, que é menos nutritivo. Outro problema é que os ninhos feitos pelos animais derretem, deixando os ovos soltos em poças de água gelada. Status: pouco preocupante.
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Imagem: Wikimedia Imagem: Wikimedia Tartarugas marinhas (Cheloniidae)
A elevação do nível dos mares e fenômenos climáticos mais intensos afetam de forma direta as tartarugas marinhas. Tais eventos causam falhas nos ninhos e destroem locais nas praias onde elas depositam seus ovos. Cientistas também descobriram que as areias mais quentes fazem com que nasçam mais tartarugas do sexo feminino do que do sexo masculino. Um estudo publicado na revista Nature adverte que areias mais quentes podem levar a tal preponderância de fêmeas que a espécies se tornará extinta nos próximos 150 anos. Status: em perigo, ameaçado de extinção.
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Imagem: Flicker/M Hedin Imagem: Flicker/M Hedin Borboleta azul de Sierra Nevada (Polyommatus golgus)
Ela é uma pequena borboleta, de asas azuis brilhantes (machos) ou marrom-escuras (fêmeas), que vive na Espanha. A seca, o aumento das temperaturas e a redução da cobertura de neve fazem com que a espécie se desloque para áreas mais altas, que podem não ser adequadas para sua sobrevivência. Diversas espécies de borboletas da Europa são restritas a áreas muito pequenas. Esse isolamento faz dos insetos raros alvos extremamente vulneráveis, pois não conseguem encontrar habitat alternativos facilmente. As espécies que vivem no norte da Europa ou no topo de montanhas podem ser as primeiras vítimas. Status na lista vermelha: vulnerável, ameaçado de extinção.
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Imagem: Wikimedia Imagem: Wikimedia Lobelia gigante da montanha (Lobelia deckenii)
O aquecimento global traz grandes desafios para todos os tipos de espécies que vivem em montanhas, onde as mudanças de temperatura são mais drásticas. A ONU estima um aumento de temperatura acima de 2°C neste século, mas a elevação em áreas montanhosas pode ser bem maior. A Lobelia gigante, uma planta nativa da Etiópia que se assemelha a uma palmeira e pode atingir mais de 10 metros de altura, deve ser uma das vítimas dessas mudanças extremas. Pesquisas prevêem que apenas 3,4% do habitat adequado para sua sobrevivência existirá em 2080. Confinadas no alto de poucas montanhas, sua diversidade deve ser reduzida em 82%, aumentando a probabilidade de extinção. Status na lista vermelha: não catalogado.
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Imagem: Wikimedia Imagem: Wikimedia Maçarico-de-bico-fino (Calidris bairdii)
Esse passarinho, que migra todos os anos das tundras do hemisfério norte para o inverno do hemisfério sul, ainda não está na lista vermelha dos animais ameaçados de extinção da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza). Contudo, cientistas temem que eles não consigam se adaptar a um mundo menos frio. As temperaturas crescentes estão fazendo com que o Maçarico procrie mais cedo. Isso faz com que os filhotes deixem os ovos antes da proliferação de insetos, seu principal alimento. Estudos mostram que filhotes que nascem quando ainda não há comida em abundância são menos propensos a sobreviver até a idade adulta. Status na lista vermelha: pouco preocupante.