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Infestação com 2 milhões de serpentes invasoras ameaça vida em ilha dos EUA

Cobra arbórea marrom (Boiga irregularis) no tronco de árvore Imagem: Auscape/Universal Images Group via Getty

Colaboração para o UOL, em Campinas (SP)

17/11/2024 18h53

A ilha de Guam, território norte-americano desde 1898 e que fica a 2 mil quilômetros das Filipinas, está tomada por cobras invasoras, e a fauna local foi quase dizimada. Cientistas e ecologistas estão tentando reincorporar uma espécie de ave que foi extinta na ilha há mais de 40 anos e controlar as pragas.

O que aconteceu

Em 1940, uma espécie de cobra-arbórea-marrom que não pertence à fauna da ilha chegou em um navio cargueiro. O predador, aos poucos, começou a se espalhar por Guam e dizimou dez das 12 espécies nativas.

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A estimativa é que hoje existam dois milhões de cobras, que tem habilidades acrobáticas e conseguem atacar as presas de diversas formas. As medidas para redução das cobras custa, anualmente, US$ 3,8 milhões (aproximadamente R$ 22 milhões).

Uma dessas é uma ave chamada martim-pescador, conhecida localmente como sihek. Apesar de extinta na ilha em 1988, 29 pássaros foram salvos e mantidos em cativeiro em Kansas (EUA). Conforme reportagem publicada no portal norte-americano Mongabay, dedicado à conservação ambiental, os cientistas decidiram soltar seis aves no Atol de Palmyra, que fica a 5,9 mil quilômetros da ilha —e está livre do predador.

O objetivo é estabelecer uma população reprodutora para quando a praga das cobras for definitivamente resolvida, segundo a publicação. Cada ave tem um chip de monitoramento de dados, que serão fundamentais para avaliação do uso do habitat e eventuais atividades de reprodução.

Por causa do desequilíbrio ambiental provocado pela falta de pássaros, as aranhas-banana também começaram a se reproduzir descontroladamente. Essa espécie de aracnídeo é nativo da ilha, e era predada pelos martim-pescadores. Agora, teias gigantescas dominam parte das florestas da ilha.

Várias tentativas de eliminação da cobra já foram tentadas, sem sucesso. Repelentes, substâncias que supostamente irritam as cobras, armadilhas, venenos e produtos químicos mortais foram tentados, segundo reportagem da BBC. Até vírus foram analisados como armas biológicas.

Porém, uma nova solução parece estar dando resultado, e envolve algo que muitos brasileiros conhecem: paracetamol. Na Unidade de Gestão de Habitat na Base Aérea de Andersen, o uso de uma dose de aproximadamente 1/5 do comprimido padrão para humanos se mostrou tóxico suficiente para acabar com as cobras. Um experimento foi feito em uma área controlada.

Os cientistas, porém, não estão exatamente tão confiantes, porque não seria possível exterminar um número significativo de forma semelhante em toda a floresta. Há pressa para isso, porque a própria floresta corre risco sem os pássaros, que espalham sementes por toda a área verde.

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