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'Veneno sai de todas': parque encontra víbora-da-morte com três presas

Cobra descoberta na Austrália tem três presas em vez de duas (esquerda); à direita, o animal expelindo veneno - Reprodução/Instagram/@australianreptilepark Cobra descoberta na Austrália tem três presas em vez de duas (esquerda); à direita, o animal expelindo veneno - Reprodução/Instagram/@australianreptilepark
Cobra descoberta na Austrália tem três presas em vez de duas (esquerda); à direita, o animal expelindo veneno Imagem: Reprodução/Instagram/@australianreptilepark

Colaboração para o UOL

22/03/2025 05h30

Especialistas do Parque de Répteis Australiano (Australian Reptile Park, em inglês) anunciaram a descoberta de uma víbora-da-morte, ou víbora-mortal, com um detalhe que impressionou os biólogos: a presença de três presas. Considerada uma das serpentes mais perigosas do mundo, a presa adicional faz com a víbora seja ainda mais letal.

O que aconteceu

Conhecida como cobra-da-morte (Acanthophis antarcticus), o espécime apresentou uma presa a mais do que o esperado. As imagens do animal foram compartilhadas no perfil do Australian Reptile Park no Instagram na última semana.

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A mutação identificada na cobra é inédita para os especialistas. "Isso é algo que nunca vimos antes", declarou Billy Collett, gerente do parque, ao portal Live Science. Segundo Collett, a cobra vive no local há cerca de sete anos. "Foi só recentemente que notamos a terceira presa. Achei que [a presa extra] simplesmente cairia com o tempo, mas, um ano depois, ela ainda está lá", disse.

O "detalhe" foi descoberto quando os especialistas manipulavam o animal para extrair seu veneno. Para isso, as glândulas que produzem a substância são levemente pressionadas enquanto a cobra morde um recipiente de coleta, derramando o líquido no frasco.

A terceira presa, localizada no lado esquerdo da boca da cobra, produz veneno como as demais. Segundo Collett, isso faz com que o animal apresente uma saída de veneno a cada mordida muito maior do que o normal —o espécime com três presas produz aproximadamente o dobro de uma víbora-da-morte de duas presas. Os biólogos buscam compreender se o rendimento aumentado é resultado da presa extra ou se a cobra simplesmente produz o veneno de forma mais abundante.

Cada vez que ela morde o frasco, o veneno sai de todas as presas, o que é bizarro! Isso é inacreditavelmente raro. Ter uma terceira presa funcionando desse jeito é demais! [...] Na verdade, fico um pouco nervoso ao ordenhar essa garota. Billy Collett

O motivo de a víbora ter três presas ainda não é claro para os especialistas. A mutação pode estar relacionada ao processo de substituição das presas —as víboras-da-morte têm presas de substituição crescendo atrás das presas ativas. Quando uma presa é perdida, uma nova se move para frente para tomar seu lugar, garantindo que o sistema permaneça afiado e funcional. "Infelizmente, não sabemos realmente o que causou o desenvolvimento da terceira presa e atualmente não temos instalações para executar nenhum teste", informou a administração do parque ao Live Science.

A espécie tem um dos ataques mais rápidos entre as cobras. Segundo o Live Science, o animal é capaz de morder e injetar veneno em suas presas em menos de 0,15 segundo. O veneno da víbora-da-morte contém neurotoxinas que podem causar paralisia e até mesmo a morte, se não forem tratadas adequadamente. As presas têm de 6 a 8 milímetros de comprimento e são mais móveis do que as de outras cobras venenosas.

O parque australiano é responsável pelo desenvolvimento do antídoto contra o veneno da cobra. Antes do programa conduzido pelos especialistas, cerca de 50% das picadas de víboras-da-morte eram fatais. Atualmente, o Australian Reptile Park abriga 250 cobras venenosas que fazem parte do programa de veneno, sendo ordenhadas quinzenalmente. O volume "massivo" da toxina produzido pelo espécime raro está sendo utilizado para "salvar vidas humanas", segundo Collett.

Segundo os biólogos do Australian Reptile Park, as víboras-da-morte não são agressivas. No entanto, a espécie utiliza a emboscada como técnica de caça e, ao invés de fugir, o animal se camufla para evitar a predação. "[Esses hábitos] Tornam a víbora-da-morte muito perigosa para pessoas que se aventuram em habitats de matagal", explicam os especialistas.


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