O comando da Marinha decidiu, finalmente, retirar um vídeo infame lançado nas redes sob o pretexto de homenagear o Dia do Marinheiro. Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha, deveria ter sido demitido no dia seguinte. Também por isso. A peça de proselitismo explícito menos exaltava a vida dos homens e mulheres que servem a Força do que detratava a rotina de nós, os civis, uns folgazões que se entregariam a prazeres mundanos, só preocupados com sombra e água fresca — ou com sol e cerveja —, além de uma rotina de farra em cenários paradisíacos, enquanto os marinheiros, coitados!, seriam submetidos quase a sevícias para defender a pátria. Eles são os verdadeiros patriotas, que defendem o país por vocação, enquanto nós, os sem-farda, saímos a gozar a vida por aí, esperando que o sustento nos caia do céu. Era uma aberração. Em qualquer tempo, a peça estúpida seria mentirosa e inoportuna. Tanto pior quando inserida num ambiente em que se apura a tentativa de golpe de Estado. A investigação já deixou claro que, dados os três comandantes das Forças Armadas quando se adensou a conspiração para desfechar o golpe, foi justamente o então da Marinha, Almir Garnier, a aderir ao "putschismo". Parece forçoso concluir que algo de muito ruim acontece por lá. Há um mau espírito, então, a rondar os nossos marinheiros. |