"O Esportivo jogou contra o Veranópolis, em Bento Gonçalves, na serra gaúcha. Logo que saí do vestiário já fui chamado de 'macaco', 'negro de merda', 'volta pra África', 'ladrão'. Falei pros meus colegas: 'Se nem começou o jogo os caras já estão assim, imagina no final.'" O relato acima é de Márcio Chagas, comentarista e ex-árbitro de futebol, sobre um jogo realizado em 5 de março de 2014, ano em que o Brasil foi sede da Copa do Mundo. Embora esta não tenha sido a primeira vez em que ele foi vítima de racismo, o futebol brasileiro dava passos importantes naquele ano para combater este problema: a criação do Observatório da Discriminação Racial no Futebol. Ao UOL Esporte, Marcelo Carvalho, idealizador e atual diretor-executivo da iniciativa, explicou que, além de Chagas, os casos de racismo contra os jogadores Tinga e Arouca naquele mesmo período impulsionam a discussão a nível nacional, mas muitos jogadores se recusavam a denunciar por acreditarem que, diante da impunidade, eles seriam mais prejudicados do que seus próprios agressores. "A ideia do Observatório é justamente esta: mostrar que existe uma previsão de punição no Código Penal Brasileiro e justiça desportiva" Marcelo Carvalho Desde que foi criado, o Observatório produz o Relatório Anual da Discriminação Racial no Futebol. Em 2021, última edição do documento, houve o registro de 64 casos de discriminação racial no Brasil. Segundo Carvalho, o documento de 2022 já monitora 90 casos. Neste ano, a Confederação Brasileira de Futebol também definiu penas mais duras para atos discriminatórios no futebol. Leia mais: *** PARTIDA... A velocista norte-americana Tori Bowie, campeã olímpica no Rio de Janeiro e bicampeã mundial, morreu aos 32 anos. A causa da morte não foi divulgada. DIREITOS... Num gesto inédito, o Estado brasileiro reconheceu a sua responsabilidade na violação de direitos de quilombolas diante da instalação do Centro de Lançamento de Alcântara. Segundo o colunista do UOL Jamil Chade, no entanto, a construção desse pedido de desculpas foi permeada por divergências entre diferentes áreas do governo Lula. CASO MARIELLE... O major reformado do Exército Ailton Gonçalves Moraes Barros enviou mensagens ao ex-ajudante de ordens Mauro Cid dizendo que sabia quem era o mandante da morte da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Barros foi preso nesta quarta (3) pela Polícia Federal na Operação Venire. PUBLICIDADE | | |