Além de medir a qualidade do ensino, Saresp dá recados a investidores
Mais de 1,1 milhão de alunos da rede pública estadual de São Paulo farão as provas do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) nestas terça e quarta-feira, 29 e 30 de novembro, nas mais de cinco mil escolas espalhadas pelos 645 municípios. São questões, nas disciplinas Língua Portuguesa e Matemática, para as quais se ofereceu um simulado no portal da Secretaria da Educação.
A relevância desse teste para o planejamento do projeto pedagógico é manifesta. Aferir-se-á o desempenho do alunado, sua proficiência nos 3º, 5°, 7º e 9º anos do Ensino Fundamental e na 3ª série do Ensino Médio. A partir dos resultados obtidos, será possível investir em reforço de vulnerabilidades e readequação de estratégias voltadas à obtenção de mais qualidade na educação pública de nosso Estado.
Todavia, não é exclusivamente endógeno o interesse por essa avaliação. Há um aspecto exógeno que talvez seja ainda mais importante. É que existe um apetite enorme do capital internacional em relação ao Brasil. Algumas variáveis adiam o investidor estrangeiro quanto a destinar seus recursos ao país.
Uma delas é a insegurança jurídica. Embora a realidade seja dinâmica, somos considerados imprevisíveis por aqueles acostumados a sistemas muito sólidos e com estabilidade que não conseguimos preservar. Medidas drásticas em curso pelo Parlamento pretendem dar conta desse aspecto.
O que interessa ao sistema público de educação é a segunda hesitação que acomete o investidor. Vive-se plena 4ª Revolução Industrial e o Brasil não oferece o melhor panorama quanto à qualidade de sua educação. Os profissionais de amanhã precisarão ser polivalentes, criativos, engenhosos, capacitados a solucionar problemas e a manter o entusiasmo num cenário de incertezas.
A comparação dos níveis brasileiros com os países de primeiro mundo nos deixa em situação desconfortável. É preciso acelerar o nível de ensino/aprendizado para que superemos as barreiras que amedrontam o investidor e inibem o aporte de recursos financeiros imprescindíveis à retomada do desenvolvimento.
Por isso, a importância acrescida de aferições de desempenho, como o Saresp, o sistema externo de avaliação da rede estadual de ensino paulista. Não é apenas a possibilidade de observar como anda a qualidade do ensino público, mas o recado que os resultados das provas poderá fornecer ao capital externo, convencendo-o de que haverá no Brasil o profissional bem formado, apto e qualificado para os desafios postos por esta sociedade a cada dia mais digital.
Os alunos é que farão os testes, mas a responsabilidade das famílias, dos profissionais da educação e de toda a sociedade em relação ao Saresp é bem acrescida ante a calamitosa situação da economia brasileira, ávida por receber dinheiro disponível em todo o planeta e que representa hoje o potencial resgate das falhas perpetradas na gestão pública. É preciso que o alunado seja conscientizado de que de sua participação, entusiasmo e desempenho, dependem os próximos anos deste amado solo em que nascemos e vivenciamos a aventura de torná-lo mais próximo aos nossos sonhos.
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