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Magda assume Petrobras para ser soldado de Lula

Magda Chambriard vai ser eleita nesta sexta-feira (24) presidente da Petrobras com facilidade pelo conselho de administração dominado pelo governo, sob o voto de protesto de alguns representantes dos minoritários por causa das trocas constantes de comando na maior empresa do país.

O comitê de elegibilidade da estatal a considerou apta a ocupar o cargo, afinal ela tem experiência no setor, não tem antecedentes criminais, nem conflitos de interesses diretos. Mas isso é suficiente para fazer dela a pessoa certa para comandar a companhia?

A julgar por sua experiência pregressa, Magda será um soldado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para levar a Petrobras de volta ao passado, embora o discurso seja o caminho do futuro da transição energética.

Sua agenda é voltar a investir em refino (como as obras de Abreu e Lima em conjunto com a Odebrecht e a recompra da unidade da Bahia), produzir fertilizantes (negócio que nunca foi lucrativo para a empresa), apostar em gasodutos (que às vezes levam o gás a lugares onde não há consumo) retomar a construção de navios (o prejuízo bilionário da Sete Brasil não foi suficiente).

E também, embora ninguém admita publicamente, segurar temporariamente os preços dos combustíveis no mercado interno sempre que possível para não afetar a inflação e a popularidade do governo. Hoje a situação nem é das piores: defasagem de 5% nos preços da gasolina e 2% no diesel, conforme a Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustível).

São as mesmas diretrizes já adotadas nos governos Lula-Dilma para a Petrobras, que não deram certo. Esses planos só funcionam enquanto o petróleo se mantém nos atuais patamares de US$ 80 a US$ 90 o barril. Ainda assim a lucratividade cai e a dívida aumenta. Se os preços do óleo recuarem lá fora, a empresa entra em dificuldades. No governo Dilma, a Petrobras ostentava o título de petroleira mais endividada do mundo.

Magda fazia parte do triunvirato que comandava o setor de petróleo no Brasil na época: ela dirigia a ANP (Agência Nacional de Petróleo), enquanto Graça Foster estava na Petrobras e Dilma Rousseff ocupava a Presidência da República. É daquele tempo movimentos considerados desastrosos como o modelo de partilha, que tornou a Petrobras operadora única do pré-sal e praticamente paralisou os leilões de petróleo.

Segundo apurou a coluna, Magda deve começar a gestão dispensando figuras-chave na empresa como Joelson Mendes, diretor executivo de exploração e produção, e Carlos José de Nascimento Travassos, diretor executivo de engenharia, desenvolvimento e produção.

Ambos são vistos no governo como os responsáveis para atrasar o cronograma de investimentos na empresa, quando o problema, dizem fontes da estatal, está nas cadeias globais de suprimento, que não conseguem entregar a tempo o material necessário. Todos esses investimentos envolvem lobbies poderosos, que tem pressa para que o país volte ao passado.

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A esperança de alguns acionistas minoritários e operadores de mercado é que as regras de compliance da Petrobras sejam fortes o bastante para conter Magda e seus padrinhos, os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa.

Com as leis das estatais e os riscos de processos no mercado americano, eventual má gestão intencional da companhia pode ser punida, eventualmente até com penalidades na pessoa física.

Esse arcabouço ajudou os antecessores de Magda a se blindarem de influências políticas. Ex-assessor da Assembleia Legislativa do Rio e apadrinhada por Rui Costa, ela chega ao cargo por ser muito próxima ao PT e por acreditar nos diagnósticos do partido para a Petrobras. O que pode significar que não deseja ser blindada.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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