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Com ato em Aparecida, Datena mostra que está pronto para campanha. De 2026

No entorno de José Luiz Datena (PSDB) o que mais se ouve é que o sonho do apresentador é (ou era, até pouco tempo) se eleger senador. Quem o convenceu foi o amigo Jorge Kajuru, eleito ao Senado por Goiás.

Em uma conversa recente, Kajuru me disse que São Paulo poderia ser uma grande escola primária para Datena antes de fazer as malas para Brasília e retomar uma parceria iniciada há quase quatro décadas, quando ambos eram repórteres esportivos em Ribeirão Preto.

Essa escola primária chamada Edifício Matarazzo teria apenas dois anos de duração, já que o próprio Datena diz ser contra a reeleição.

O cálculo do amigo, dita sem papas na língua, provoca urticária nos idealizadores da candidatura de Datena no PSDB, partido que elegeu três dos últimos cinco prefeitos da maior cidade do Brasil. Dois deles deixaram o posto para disputar o governo do estado (José Serra, em 2006, e João Doria, em 2018). O outro foi Bruno Covas, que morreu em 2021, um ano depois de ser reeleito.

O próprio Datena, quando o entrevistei no fim de junho, falou do sonho de se tornar senador. Mas garantiu: ir até o fim da disputa em São Paulo era questão de honra.

É a partir da candidatura de Datena que o comando nacional do PSDB pretende iniciar a reconstrução daquele que já foi um dos principais partidos do país. O impulso vem de São Paulo, onde há poucos meses toda a bancada tucana de vereadores foi ceifada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB).

Desde a pré-campanha Datena dá sinais de que será um candidato, digamos, peculiar. Aos 67 anos, e com um histórico de problemas de saúde, como diabetes e uma série de cirurgias no coração, ele diz que não tem gás para fazer corpo-a-corpo todo dia. "Não sou candidato a Moisés", costuma dizer.

Acostumado a falar sozinho em um programa de TV durante mais de duas décadas, ele tem provocado ruídos em entrevistas e participações em debates - geralmente mostrando impaciência e irritação quando a palestra é interrompida. O jeito verborrágico e cheio de palavrões fora do estúdio também é outro desafio a quem tenta domar o touro.

Alguns desses palavrões costumam ser direcionados a pessoas do próprio partido. Parte não queria a sua candidatura por nada. Preferia apoiar Tabata Amaral, do PSB, ou ser "fagocitada" de vez por Nunes e o bolsonarismo.

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O temor de que o apresentador desistisse a qualquer momento da campanha, como já fez em quatro eleições anteriores, provocava tal nível de insegurança que tucanos graúdos, como Aécio Neves e Marconi Perillo, precisaram vir a São Paulo no fim de junho só para posar em uma foto ao lado do candidato e dizer que estava tudo muito bem entre eles, obrigado.

O objetivo era desanuviar dúvidas e mostrar que o projeto estava firme e forte.

Desde então, Datena avançou várias fases do jogo eleitoral, algo inédito nos ensaios anteriores. Contratou um marqueteiro, teve o nome confirmado em convenção e estreou em debates. Aceitou, até onde se sabe, passar por treinamento para se sair melhor nesses confrontos.

Mas aí, quando a campanha oficial começa, o ponto de largada escolhido é Aparecida (SP), a 168 quilômetros da sede do Executivo paulistano.

Claro que a intenção tem lá seu significado: católico, Datena tem como tradição passar pelo santuário da cidade em todos os momentos da vida. Chega lá, reza, agradece e diz não pedir nada a não ser proteção ao povo brasileiro.

Aos idealizadores da campanha, parecia uma boa ideia lançar em outra cidade o jingle em que promete livrar a capital do crime, mesmo sendo essa uma atribuição das polícias estaduais e federal.

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A mensagem que fica é que Datena está mesmo pronto para a campanha. De 2026.

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Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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