"Queixo-duro", Cunha resiste no cargo mais tempo que Jader e Renan
Do UOL, em Brasília
07/01/2016 06h00
Há dez meses se defendendo das suspeitas de que recebeu propinas do esquema de desvios de recursos da Petrobras apurado pela Operação Lava Jato, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já pode se orgulhar de ter uma capacidade de resistência maior que outros “medalhões” da política nacional que passaram pela berlinda. Em março de 2015, a PGR (Procuradoria Geral da República) pediu a abertura de inquérito contra Cunha.
Desde então, novas revelações de que ele teria recebido propinas e de que mantinha contas no exterior alimentadas por dinheiro de corrupção aumentaram a pressão contra o parlamentar. Além de negar as acusações, Cunha diz não ter a intenção de renunciar ao cargo. O UOL preparou uma lista de “medalhões” que já presidiram a Câmara ou o Senado e o tempo médio que eles resistiram até cair, quando caíram.
Presidentes da Câmara e do Senado na berlinda
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Imagem: Jorge Araujo/Folha Imagem Imagem: Jorge Araujo/Folha Imagem Severino Cavalcanti
Escândalo: Mensalinho da Câmara Tempo até cair: menos de três semanas Em 2005, Severino Cavalcanti, então no PP de Pernambuco, era o presidente da Câmara dos Deputados. No início de setembro daquele ano, reportagens das revistas Época e Veja indicaram que o empresário Sebastião Buani pagou R$ 10 mil por mês a Severino em 2003 como propina para que Buani mantivesse a concessão de um restaurante em funcionamento na Câmara dos Deputados. Em 2003, Severino era primeiro-secretário da Mesa Diretora da Câmara. Em uma entrevista coletiva, o empresário confirmou a existência do esquema. No dia 21 de setembro de 2005, menos de três semanas após a revelação do esquema, Severino renunciou à Presidência da Câmara e ao mandato. Leia mais
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Imagem: Lula Marques/Folhapress Imagem: Lula Marques/Folhapress Jader Barbalho
Escândalos: Sudam e Banpará Tempo até cair: sete meses Em março de 2001, um mês após ser eleito presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA) é alvo de reportagens sobre sua ligação com desvios de recursos do Banpará em 1984, quando ele era governador do Estado do Pará. As denúncias se somaram aos indícios de que Jader e sua família teriam se beneficiado de desvios de recursos da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia). Entre os desvios investigados, estava o que teria sido supostamente cometido em favor da mulher de Jader, Márcia Cristina Zahluth Centeno, que recebeu R$ 9,6 milhões para construir um ranário, mas segundo investigações, a obra não foi construída de acordo com o projeto inicial. Jader negou envolvimento nos desvios. No dia 18 de setembro de 2001, Jader renuncia à presidência do Senado. No dia 4 de outubro de 2001, pressionado pela abertura de um processo por quebra de decoro no Conselho de Ética do Senado, Jader renuncia também ao mandato de senador. Leia mais
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Imagem: Ueslei Marcelino/Folhapress Imagem: Ueslei Marcelino/Folhapress Renan Calheiros
Escândalo: Renangate Tempo até cair: oito meses Em maio de 2007, reportagens divulgaram que um lobista da construtora Mendes Júnior, Cláudio Gontijo, pagava as despesas da jornalista Mônica Veloso, com quem o então presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem um filho. Outras revelações se sucederam, como a de que Renan havia utilizado laranjas para comprar um grupo de comunicação em Alagoas. Renan foi alvo de dois processos no Conselho de Ética do Senado, mas foi absolvido pelo Plenário da Casa duas vezes. Em dezembro de 2007, é absolvido pela segunda vez no Conselho de Ética, mas Renan deixa a presidência do Senado. Reeleito em 2015 para a presidência do Senado, Renan também enfrenta investigações no STF (Supremo Tribunal Federal) por conta de seu suposto envolvimento no esquema de desvio de recursos da Petrobras apurado pela operação Lava Jato. Leia mais
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Imagem: Reprodução/BBC Brasil Imagem: Reprodução/BBC Brasil José Sarney
Escândalo: Atos secretos do Senado Tempo até cair: não caiu Em junho de 2009, uma reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo" mostrou que atos administrativos secretos que beneficiavam diversos senadores, entre eles o então presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). As revelações mostraram que parentes de Sarney haviam sido nomeados como funcionários do Senado mesmo sem dar expediente na Casa, entre eles um neto então com 22 anos e o namorado de uma das netas de Sarney, Maria Beatriz Sarney. Apesar da crise que se sucedeu a partir da divulgação dos atos secretos, Sarney continuou no cargo e foi reeleito em 2011, com apoio do Palácio do Planalto. Leia mais