Em nova fase da operação Mãos Limpas, PF no Amapá cumpre 15 mandados
A Polícia Federal (PF) no Amapá confirmou na tarde desta quarta-feira (22) que foram cumpridos hoje 15 mandados de condução coercitiva no Estado, em uma segunda fase da operação Mãos Limpas. Com os mandados, o ministro do STFJ João Otávio Noronha permite que os policiais procurem e obriguem as pessoas a comparecer ao prédio central da PF no Macapá, onde são solicitadas a esclarecer pontos da investigação.
Nenhum nome dos capturados hoje foi divulgado, porque a apuração corre sob segredo de Justiça. Assim que forem ouvidos pelas autoridades na sede da PF, os cidadãos serão liberados. Informações extra-oficiais dão conta de que as personalidades são figuras de destaque no Amapá.
A operação Mãos Limpas foi desencadeada no dia 10 de setembro e desmantelou um grupo especializado em desvio de dinheiro público supostamente integrado pelo governador Pedro Paulo Dias (PP) e pelo ex-governador Waldez Góes (PDT). Os dois estavam presos, mas foram liberados no último fim de semana, após o prazo de prisão expirar. Outras 16 pessoas também foram presas durante a ação policial.
O Tribunal de Justiça do Amapá confirmou ainda que outros mandados de busca e apreensão foram expedidos nesta quarta-feira, com o objetivo de vasculhar documentos na Assembleia Legislativa do Estado.
O governador do Amapá Pedro Paulo Dias (PP) retornou ao Estado segunda-feira, após passar nove dias preso na PF em Brasília. Ontem, ele fez um pronunciamento ao povo amapaense via rádio. Dias disse que é inocente e que, embora tenha passado vários dias preso, não foi ouvido. “Fiquei lá em isolamento forçado, sem o direito de conhecer o processo e de me defender, então voltei para o meu Estado sem ser ouvido.”
Enquanto Dias fazia o pronunciamento, do lado de fora do Palácio do Governo cerca de 50 pessoas faziam uma manifestação chamando-o de “ladrão” e “bandido”.
O governo do Estado estava sendo ocupado interinamente pelo presidente do TJ-AP, desembargador Dôglas Evangelista Ramos.
Esquema de desvio
Investigações da PF apontaram indícios de desvio de recursos repassados à Secretaria de Educação do Estado por meio do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef).
Também foram identificados desvios de recursos no Tribunal de Contas do Amapá, na Assembleia Legislativa, na Prefeitura de Macapá, nas secretarias de Justiça e Segurança Pública, de Saúde, de Inclusão e Mobilização Social, de Desporto e Lazer e no Instituto de Administração Penitenciária.
Continuam detidos em Brasília o presidente do Tribunal de Contas do Estado, Júlio de Miranda, e o secretário da Segurança Pública e delegado da Polícia Federal, Aldo Ferreira. Segundo a PF, eles estavam ameaçando testemunhas.
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