Polícia Federal pedirá mais tempo à Justiça para investigar caso Erenice Guerra
O delegado da Polícia Federal, Ruberval Vicalvi, deve entregar na próxima segunda-feira (10) à Justiça um pedido de prorrogação do inquérito sobe o caso de tráfico de influência na Casa Civil durante a gestão da ex-ministra Erenice Guerra. Ela é suspeita de beneficiar empresas privadas em contratos com o governo, como a Capital Assessoria e Consultoria, pertencente aos seus filhos Saulo e Israel.
Esta será a terceira prorrogação do prazo do inquérito, desde que foi instaurado em setembro do ano passado. De acordo com a assessoria do órgão, seria necessário mais tempo para analisar os documentos recolhidos, entre eles documentos e computadores do ministério e algumas pessoas anda precisam ser ouvidas. Cerca de 30 pessoas já prestaram depoimento.
Antes de ocupar o cargo de ministra, Erenice foi secretária-executiva da Casa Civil e braço direito de Dilma Rousseff. Em 16 de outubro do ano passado, ela entregou sua carta de demissão ao presidente na qual se dizia inocente e anunciando que deixaria o cargo para se defender.
Entenda as denúncias
Com relação a Israel Guerra, a denúncia seria a cobrança de uma "taxa de sucesso", no valor de R$ 5 milhões, à empresa MTA Linhas Aéreas, em negócio avaliado em R$ 84 milhões. A MTA Linhas Aéreas estaria interessada em renovar sua concessão na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e fazer negócios com os Correios.
Além disso, Israel também é suspeito de cobrar comissões de empresas para liberar crédito no BNDES –segundo acusação feita pelo consultor Rubnei Quícoli, que atuava para a empresa EDRB, em busca de empréstimo de R$ 2,2 bilhões para construção de um parque solar no Nordeste.
Quícoli teria procurado Marco Antônio de Oliveira, então diretor de Operações dos Correios, que teria encaminhado o projeto ao sobrinho dele, Vinícius Castro, que trabalhava na Casa Civil.
Para o pedido de empréstimo ao BNDES, a intermediação seria feita pela Capital Assessoria, empresa que tem como sócios Saulo Guerra, e Sônia Castro, mãe de Vinícius Castro.
De acordo com o BNDES, o pedido de empréstimo para a EDRB não fora concedido por ter sido considerado "incompatível com o porte da referida empresa".
Ao serem chamados pela Polícia Federal para depor, Saulo e Israel Guerra se mantiveram em silêncio, por recomendação de seus advogados.
Israel Guerra foi exonerado do cargo comissionado, pelo qual recebia R$ 6.600 mensais da Terracap, estatal do Distrito Federal que cuida de terras públicas. Havia suspeita de que ele seria funcionário fantasma da empresa.
Além dos filhos, mais três irmãos de Erenice Guerra também são investigados. Em setembro de 2009, a irmã de Erenice, Maria Euriza teria aprovado, pela estatal EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a contratação, sem licitação, do escritório de advocacia Trajano e Silva Advogados, onde trabalhava outro irmão de Erenice, Antônio Eudacy.
O escritório atuaria para ajudar a empresa a participar de um leilão da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Márcio Silva, um dos sócios do escritório, foi consultor jurídico da campanha de Dilma Rousseff e tem atuado como advogado da legenda. Sobre as denúncias de que as negociações de tráfico de influência feitas fora da Casa civil teriam ocorrido em seu escritório, em Brasília, Silva disse que não sabia da ocorrência de reuniões em sua empresa, apesar de confirmar que emprestava o local a amigos, como Maria Euriza.
Outro irmão de Erenice Guerra, José Euricélio Alves de Carvalho também foi exonerado. Ele ocupava o cargo de servidor comissionado no departamento de auditoria, vinculado à Presidência, com salário de R$ 4.100, na Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) do Distrito Federal.
Em nota, o governador do DF, Rogério Rosso (PMDB) anunciou que a Corregedoria Geral do Distrito Federal abriria um “procedimento administrativo para apurar eventuais irregularidades cometidas pelo ex-empregado no exercício de suas funções, que pode resultar, como penalidade, em ressarcimento ao Erário dos valores recebidos como salário”.
Euricélio é apontado como um dos envolvidos no desvio de R$ 5,8 milhões da editora da UnB (Universidade de Brasília) em contratos fantasmas.
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