"Ele queria valorizar o que Campinas tem de melhor", diz ex-secretário e amigo
Dez anos após o assassinato do ex-prefeito de Campinas (93 km de São Paulo) Antonio da Costa Santos, o “Toninho do PT”, a família dele prepara uma denúncia à OEA (Organização dos Estados Americanos) por “omissão do Estado brasileiro” na apuração do crime, ocorrido em 10 de setembro de 2001.
“Conheci o Toninho entre 1975 e 1976, quando ele havia acabado de sair da faculdade de arquitetura. Ele tinha um projeto para a cidade, que era o de valorizar o que Campinas tinha de melhor, seu povo e sua história. Por causa desse objetivo principal, ele encontrou muitos inimigos, que só tinham interesses pessoais e políticos”, disse Gerardo Melo, amigo de Toninho e ex-secretário de gabinete dele durante os seus oito meses como prefeito de Campinas.
Formado em Arquitetura pela PUC-Campinas, Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, foi um dos fundadores do PT, em 1981. Três anos antes começara a se engajar em movimentos populares, quando se tornou o arquiteto do projeto “Assembleia do Povo”, que consistia em urbanizar parte das favelas de Campinas.
Memória
Em 1985, Toninho começou sua luta em defesa do patrimônio histórico de Campinas e criou a Fundação Febre Amarela, responsável pela preservação de vários prédios históricos da cidade, inclusive de sua própria casa (um local de pouso dos bandeirantes no século 18). Mas foi em 1989 que Toninho entrou para a política ao ser eleito vice-prefeito pelo PT ao lado do prefeito Jacó Bittar, então do PT.
Toninho também foi secretário de Obras e Planejamento durante a gestão de Bittar, mas os dois romperam durante a administração e viraram adversários políticos.
Durante a campanha eleitoral de 2000, Bittar - então candidato do PSB à prefeitura - chegou a atacar Toninho no programa de TV do partido. “O Toninho continua o mesmo garoto que queria usar a cidade para fazer sua política de oposição”, declarou Bittar, na ocasião.
Após deixar a administração, Toninho fez doutorado, em 1992, em Arquitetura e Urbanismo na USP (Universidade de São Paulo) e começou a combater a especulação imobiliária em Campinas, movendo diversas ações judiciais e organizando protestos.
Toninho foi candidato a prefeito em 1996, mas saiu derrotado, ficando em terceiro lugar. No ano 2000, conseguiu se eleger no segundo turno contra o candidato Carlos Sampaio (PSDB), no segundo turno.
“Ele não aceitava ter tratamento diferenciado como prefeito. Recebia a todos da mesma forma. Campinas perdeu a chance de mostrar que é possível alguém administrar a cidade sem ser corrupto”, disse Melo.
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