Belém adota bandeira do Pará como símbolo antisseparatista e dá lucro a comerciantes
Longe do clima separatista de Carajás e Tapajós, a grande maioria população de Belém demonstra não aprovar a divisão do Estado. Para mostrar o clima de união e bairrismo, o símbolo adotado pela população da capital foi a bandeira do Pará. Seja em camisas, flâmulas ou adesivos, a bandeira estrelada está em casas, carros, ônibus e lojas.
A venda de produtos com a bandeira do Pará alavancou. Eles estão em alta em pontos comerciais da capital, em especial na feira do Ver o Peso, a principal da capital paraense. Os comerciantes aproveitam o clima do plebiscito e expõem com destaque produtos com a imagem da bandeira.
ONDE FICA
Na barraca de Jean Rayol, bandeiras, camisas e produtos do artesanato estão logo na frente da barraca, na esperança de atrair o consumidor.
Segundo o vendedor, desde o início da campanha do plebiscito, a venda de bandeiras aumentou quatro vezes. “Vendia cerca de cinco por semana. Agora, saem 20 ou até 25. Graças a Deus cresceu muito a venda. O orgulho paraense está em moda”, disse.
A depender do gosto do cliente, existem bandeiras de todos os tamanhos, que custam de R$ 25 a R$ 400. “A maior tem 2,75m x 3,80m. Cobre um muro inteiro. A bandeira não sai tanto como as pequenas, mas já tive encomendas”, afirmou.
Cearense, mas “paraense de coração”, o vendedor Bartolomeu Rocha também comemora o bom momento. Ele disse que a venda de bandeiras era comum a turistas, antes do plebiscito, mas a procura pelos belenenses cresceu cerca de 30% após a campanha. “Acho que na véspera mesmo vai aumentar. Com certeza, muita gente vai votar com a camisa do Pará, e isso trará mais venda”, aposta.
Um dos fatores que mais impulsiona as vendas é o uso da camisa com a bandeira do Estado por pessoas famosas. “Quando o [Paulo Henrique] Ganso [jogador do Santos] usou, vendemos bem mais camisas. Quando algum famoso utiliza a camisa, influencia muito, principalmente num momento como esse, de união do nosso povo”, afirmou o vendedor.
No porto, os pescadores também adotaram a bandeira como marca antisseparatista. Praticamente todos os barcos penduraram uma bandeira do Pará para demonstrar insatisfação com a divisão. “Aqui não tem como apoiar isso. Todo mundo aqui perde, e todo mundo lá ganha. Por isso você vê as bandeirinhas, mostrando o voto contra a divisão”, afirmou João de Paula.
Quem também é contra a divisão é Federação das Indústrias do Pará. Segundo o vice-presidente José Maria Mendonça, não há qualquer estudo que aponte para mais arrecadação ou melhoria na vida dos paraenses. “Essa discussão tem de ser técnica. Pesquisas apontaram que a divisão vai ser ruim para todos”, disse.
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