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PDT mantém apoio ao governo, com ou sem ministério, diz presidente da sigla

Camila Campanerut*

Do UOL Notícias, em Brasília

05/12/2011 16h41Atualizada em 05/12/2011 19h10

Ao sair da reunião da Executiva do PDT, o presidente interino da legenda e deputado federal pelo Ceará, André Figueiredo, afirmou na tarde desta segunda-feira (5) que a saída de Carlos Lupi –presidente licenciado da sigla– do Ministério do Trabalho não altera o apoio dos pedetistas ao governo Dilma Rousseff.

“O PDT ratificou a decisão de que, independente de cargos, nós somos da base de apoio da presidente Dilma e cabe a ela escolher o sucessor do ministro Lupi no ministério do Trabalho”, afirmou Figueiredo.

Questionado sobre quem seria a melhor indicação do partido para sucedê-lo, o parlamentar não quis citar nomes, mas frisou que a legenda criou uma comissão composta pelos líderes da Câmara e do Senado, do presidente e vice-presidente do PDT para fazer o papel de “intermediários” nas conversas com o Palácio do Planalto.

"Nem discutimos nomes porque não sabemos se a presidenta Dilma vai definir se o PDT continua no Ministério do Trabalho ou se continua em algum outro ministério", resumiu.

Comando do PDT

Na reunião, Lupi informou aos seus colegas de partido a decisão de “tirar férias” até o fim de janeiro, quando retoma ao posto de presidente do PDT. O ex-ministro deixou a reunião do partido por volta das 19h e, ao ser questionado sobre o que faria agora, ele se limitou a dizer que iria "continuar trabalhando".

“Ele [Lupi] me disse informalmente que queria tirar um mês para descansar com a família. Depois de sofrer o que sofreu, não dá para estar feliz, mas está equilibrado, sensato. Em qualquer tipo de negociação ele vai estar presente, ainda que não presencialmente”, finalizou.

Demissão

O ministro do Trabalho pediu demissão do cargo após reunião com a presidente Dilma Rousseff, na tarde deste domingo (4). Em seu lugar, ficará, de forma interina, o secretário-executivo da pasta, Paulo Roberto Pinto

Em nota oficial, Lupi afirmou que sua demissão foi causada pela "perseguição política e pessoal da mídia que venho sofrendo há dois meses sem direito de defesa e sem provas". Segundo o agora ex-ministro, sua demissão foi necessária "para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do Governo".

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Lupi também diz que, nos cinco anos à frente do Ministério do Trabalho, gerou milhões de empregos, conseguiu reconhecimento legal das centrais sindicais, qualificação de milhões de trabalhadores e regulamentação do ponto eletrônico para proteger o bom trabalhador e o bom empregador, entre outras realizações.

"Saio com a consciência tranquila do dever cumprido, da minha honestidade pessoal e confiante por acreditar que a verdade sempre vence", conclui.

Carlos Lupi deixou o cargo após a Comissão de Ética Pública da Presidência da República recomendar sua exoneração no último dia 30. Desgastado após a divulgação de um suposto esquema de propina realizada por integrantes do ministério para a liberação de repasses para ONGs, Lupi foi questionado sobre uma carona em um avião pago pelo empresário Adair Meira –que controla duas ONGs beneficiárias de convênios com o ministério– durante uma viagem oficial ao Maranhão, em dezembro de 2009. Lupi negou na Câmara dos Deputados que conhecesse Meira, mas um vídeo mostrou imagens dos dois juntos.

Vídeo põe em xeque versão de ministro sobre uso de jatinho

O ministro negou com veemência as acusações durante vários dias, seja no Congresso ou em entrevistas coletivas, mas sua situação ficou insustentável quando uma versão contrária a sua defesa veio à tona e a Comissão de Ética deu seu veredicto.

Sua situação piorou após reportagem da “Folha de S.Paulo” da última quinta-feira (1º) informar que Lupi ocupou simultaneamente, por quase cinco anos, dois cargos de assessor parlamentar em órgãos públicos distintos, a Câmara dos Deputados, em Brasília, e a Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Outra reportagem, do sábado (26), mostrou que, de 2000 a 2005, Lupi era assessor-fantasma da liderança do PDT na Câmara dos Deputados em Brasília.

Sétimo a cair

Com a queda de Lupi, são sete os ministros afastados no primeiro ano do governo de Dilma Rousseff: Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Nelson Jobim (Defesa), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte). Com exceção de Jobim, que criticou publicamente o governo diversas vezes, todos os titulares deixam o cargo após acusações de corrupção –Rossi, inclusive, foi afastado após comprovação de que usou várias vezes um jatinho pertencente a uma empresa que tinha negócios com o Ministério da Agricultura.

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*Com informações de Maurício Savarese e Daniela Paixão