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"População não quer mais votar em poste", diz Bruno Covas; pré-candidatos defendem prévias e criticam PT

Do UOL Notícias, em São Paulo

05/12/2011 13h41Atualizada em 05/12/2011 16h48

Durante a sabatina promovida nesta segunda-feira (5) pela Folha e pelo UOL com os pré-candidatos do PSDB à Prefeitura de São Paulo, o secretário estadual Bruno Covas (Meio Ambiente) disse que a população não quer mais votar em “poste”.


“A população não está querendo mais votar em poste, em candidato indicado por esse ou aquele político. Acho que querem saber de onde [o candidato] vem, qual a sua história”, disse Covas. A declaração foi uma crítica indireta ao PT, que eliminou as prévias e anunciou o ministro Fernando Haddad (Educação) como candidato à Prefeitura de São Paulo. Assim como Dilma Rousseff --que foi chamada de "poste" durante a campanha para as eleições presidenciais-- Haddad também foi uma indicação pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


José Aníbal, secretário estadual de Energia, completou dizendo que o PSDB não vai se “refugiar no apadrinhamento”.

Durante a sabatina, que contou ainda com a presença do secretário estadual Andrea Matarazzo (Cultura) e do deputado federal Ricardo Trípoli, ambos também pré-candidatos, foi defendida a realização de prévias para a escolha do candidato. Os candidatos também aproveitaram para criticar o PT.

“O PSDB vai ter prévias. Nós vamos realizar prévias sim e o candidato do PSDB será definido nesse processo. Isso causa, inclusive, um desconforto nos nossos adversários, sobretudo aquele que se intitula o nosso maior adversário", disse o secretário estadual José Aníbal (Energia).

"Nós fazemos prévias, eles não. Isso tem incomodado. Não vai dar mais pro PT mentir como tem mentido", completou o deputado federal Ricardo Trípoli. "Está declarado o embate e eles (PT) não aceitam isso, querem procurar outros candidatos para não nos enfrentar", completou Trípoli.

Quando questionado se a entrada de José Serra na disputa eliminaria as prévias no partido, o secretário estadual Bruno Covas disse que a prévia sem Serra "é uma realidade consolidada". "Algumas pessoas não conseguem escutar isso, mas ele tem dito que não será candidato.

Eleições

O PSDB é o único partido que deve realizar prévias em São Paulo. Haveria sabatina com os pré-candidatos do PT, mas o partido definiu que lançará o ministro Fernando Haddad (Educação). O PSDB estimou as prévias para janeiro, mas o governador Geraldo Alckmin quer empurrar a definição do nome para março. O partido negocia aliança com o prefeito Gilberto Kassab (PSD).

Os demais pré-candidatos no atual quadro na capital são Gabriel Chalita (PMDB), Netinho de Paula (PC do B), Celso Russomanno (PRB) e Soninha Francine (PPS).

Kassab também quer lançar um candidato de seu grupo à sua sucessão. Os mais cotados são o vice-governador Guilherme Afif (PSD) e o secretário de Meio Ambiente, Eduardo Jorge (PV).

Kassab e aliança com PSD

Ao ser questionado sobre sua posição diante de uma aliança com o PSD, partido do atual prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, o secretário Andrea Matarazzo disse que defende alianças.

“Eu defendo alianças com partidos que têm afinidade com o PSDB. Acho que o PSD é um partido que tem afinidade conosco. Eu sou favorável a alianças sim, mas alianças amplas, que não agridam os valores e os princípios do partido. Mas isso passa por uma decisão partidária. Nesse momento discutimos a eleição pra prefeito, que passa pelo chefe político do Estado, que nesse momento é o governador", disse.

O secretário evitou fazer críticas a Kassab e disse que essa é uma gestão "que acertou mais do que errou". "Errou em alguns pontos que são vitais, na atenção à cidade, na zeladoria da cidade, no dia a dia", disse Matarazzo.

Escândalo das emendas

o secretário de Estado do Meio Ambiente, Bruno Covas, voltou a dizer que a declaração que deu sobre o fato de ter recebido proposta de propina foi um caso "hipotético".

“O caso foi totalmente já esclarecido. Contei uma história de forma hipotética e [isso] se tornou um grande carnaval. Um político precisa saber dizer “não”, dizer não à corrupção. O que eu disse é que eu não aceitaria, não aceito e não vou aceitar um esquema de corrupção. Dizer que por isso eu não posso ser prefeito São Paulo eu não concordo. Um candidato que diz não à corrupção não pode ser prefeito de São Paulo?”, disse.

Em setembro, Bruno Covas envolveu seu nome no escândalo da venda de emendas na Assembleia Legislativa de São Paulo, ao dizer ao jornal "O Estado de S. Paulo" que rejeitara uma oferta de propina quando deputado.

Política "higienista"

Questionado sobre sua atuação à frente das subprefeituras nas gestões de José Serra e Gilberto Kassab, quando foi acusado de ser higienista, Andrea Matarazzo disse que a questão era uma "tese dos oportunistas e daqueles que exploram a miséria humana".

"História de que moradores de rua querem ficar na rua é história pra boi dormir. É lógico que eles não querem, não têm é alternativas", afirmou. "Se seu filho estivesse fumando crack, você deixaria ele por aí vagando com um cobertorzinho? É claro que não. Ninguém quer ficar na rua se puder não ficar."

Sabatina

Os quatro pré-candidatos tucanos responderam a perguntas dos jornalistas Vera Magalhães, repórter especial da Folha, e Diogo Pinheiro, editor do UOL Notícias. Pelas regras acertadas com as assessorias dos quatro pré-candidatos, não houve debate entre eles no encontro.

Foram abordados temas gerais de interesse da cidade e questões relacionadas à disputa política pela candidatura à sucessão do prefeito Gilberto Kassab em 2012, e cada um respondeu a perguntas diferentes sobre os mesmos tópicos.