PF investiga irregularidades em aposentadoria de vereador da Bahia que alegou cegueira

A Polícia Federal investiga irregularidades na aposentadoria concedida em 2006 ao atual presidente da Câmara de Vereadores de Itabuna (426 km de Salvador). Ruy Machado (PTB), que hoje trabalha normalmente, foi afastado das funções em 2006 após apresentar atestado médico que apontava cegueira irreversível –na época, ele foi considerado inválido para a função de chefe de gabinete do órgão que atualmente preside. No mesmo ano, ele passou a receber uma pensão de R$ 3.000 mensais, que foi paga até o início de 2010.

A suspeita de possíveis irregularidades com a aposentadoria de Machado surgiu com o vazamento de um ofício do INSS, encaminhado à Câmara Municipal, pedindo esclarecimentos sobre as atividades do atual chefe do Legislativo municipal.

Um laudo emitido há sete anos pelo também vereador Gerson Nascimento informava que Machado tinha cegueira irreversível, causada por uma retinopatia diabética. Procurado pelo UOL, Nascimento informou por meio de sua secretária que só trataria do assunto pessoalmente.

Em conversa por telefone, Ruy Machado alega possuir os atestados oficiais que ratificariam a sua incapacidade. Segundo ele, os documentos foram expedidos pelos médicos peritos do INSS Vilson Martins Jorge da Cruz e Maristela de Araújo Carvalho Souza.

Apesar dos documentos, ele admite que tem capacidade para assinar e ler documentos e até dirigir automóveis “dentro da cidade”. Mesmo assim, Machado informou que entrará com ação na Justiça Federal para restabelecer o beneficio que foi suspenso há dois anos. “Tenho apenas 40% da visão e se houver algum erro, esse erro não foi meu, foi do INSS”, disse o vereador.

O parlamentar afirmou ainda que contribuiu para a previdência e teria direito à aposentadoria. “O [ex-presidente] Luiz Inácio Lula da Silva não perdeu um dedo, se aposentou e conseguiu ser presidente da República?”, comparou.

Por meio da assessoria de imprensa, a Previdência Social informou que não poderia falar sobre o assunto.

A Procuradoria da República pediu abertura de inquérito para investigar possíveis irregularidades e a Polícia Federal tem 30 dias para a conclusão do inquérito.