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Comissão de Ética arquiva processo contra Ideli Salvatti

A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que já ocupou a pasta da Pesca - Alan Marques/Folhapress
A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, que já ocupou a pasta da Pesca Imagem: Alan Marques/Folhapress

Camila Campanerut

Do UOL, em Brasília

14/05/2012 19h41Atualizada em 14/05/2012 19h51

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República arquivou nesta segunda-feira (14) o processo contra a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, sobre as denúncias de irregularidade no Ministério da Pesca --já ocupada por ela--, no episódio da compra de 28 lanchas-patrulha por R$ 31 milhões em 2009. A compra foi feita ainda na gestão de seu antecessor, o ex-ministro Altemir Gregolin, que também é do PT de Santa Catarina.

De acordo com o presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, o processo foi arquivado por decisão unânime entre os integrantes da comissão. Eles avaliaram que “não havia nada que comprovasse falta ética por parte da ministra no caso”.

O jornal “O Estado de S. Paulo” mostrou que o dono da fabricante das lanchas compradas pelo ministério, a Intech Boating, havia doado R$ 150 mil ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina –Estado da ministra, que bancou 81% dos custos da campanha dela ao governo catarinense.

No último dia 16, a comissão tinha recebido o pedido do PSDB para investigar a relação da ministra com possíveis irregularidades na compra das lanchas, adquiridas entre dezembro de 2008 e março de 2011.

Em nota divulgada na época, a ministra se defendeu das acusações, disse que não tem ligações com a empresa e afirmou que a doação, no valor de R$ 150 mil, foi registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e feita pela empresa ao comitê financeiro do PT de Santa Catarina --e não nominalmente à candidata.

Ministro da Saúde

Com relação ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a comissão decidiu nem abrir um processo contra ele após citação em gravações de pessoas ligadas ao contraventor Carlos Augusto Ramos, Carlinhos Cachoeira.

Reportagem da “Folha de S.Paulo” mostrou que Padilha teve o nome citado em uma conversa telefônica em que teria autorizado o grupo de Cachoeira a dar sequência a um negócio na área da saúde. O contraventor é dono de um laboratório farmacêutico e controla um instituto que reúne grandes empresas da área.

Na ocasião, Padilha negou que ele ou qualquer outro integrante do ministério tenha recebido Cachoeira, seu auxiliar, ex-vereador do PSDB, Wladimir Garcez, ou alguém indicado por eles.

Fernando Pimentel

A comissão também já abriu processo contra o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel. Reportagens do jornal "O Globo", de dezembro do ano passado, mostravam que uma das empresas contratada pela Prefeitura de Belo Horizonte tinha recebido consultoria de Pimentel. O fato suscitou suspeitas de tráfico de influência na prefeitura de BH, que fora comandada por ele anteriormente.

Na última reunião da comissão, em 16 de abril, o relator do caso, Américo Lacombe, deu um prazo de dez dias para que o ministro entregasse sua defesa. O ministro entregou seus esclarecimentos à comissão apenas na última sexta-feira (11).

Pimentel nega as irregularidades e argumenta que os serviços prestados aconteceram quando ele já não era mais prefeito da capital mineira nem ministro do governo federal.

Pimentel teria obtido R$ 2 milhões em serviços de consultoria entre 2009 e 2010, no período em que já havia deixado a Prefeitura de Belo Horizonte e antes de assumir o ministério no governo da presidente Dilma Rousseff.