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Filho do apresentador Ratinho será secretário do governo tucano no Paraná

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

23/01/2013 21h42

O deputado federal Ratinho Junior (PSC), candidato derrotado à Prefeitura de Curitiba, foi anunciado no início da noite desta quarta-feira (23) como novo secretário do Desenvolvimento Urbano do Paraná. A nomeação de Ratinho, ainda sem data marcada para assumir o posto, faz parte de reforma de secretariado gestada há algumas semanas pelo governador Beto Richa (PSDB).

Durante a disputa pela prefeitura, em 2012, Ratinho foi crítico contumaz da gestão do ex-prefeito e então candidato a reeleição Luciano Ducci (PSB) – herdeiro político e sucessor de Richa no comando da capital paranaense.

“Minha crítica foi ao modelo de gestão implantado pelo Luciano. Foi herdado [de Richa, de quem Ducci era vice-prefeito até 2010], mas depois ele montou uma equipe própria”, justificou-se o deputado, por telefone, ao UOL. Ducci ancorou toda sua estratégia de campanha na aliança com o governador, sob o mote “Juntos”.

“Disputei a eleição com o Luciano, não com Richa. Minha relação com o governador sempre foi muito respeitosa. Nunca houve atitude do governador contra minha candidatura”, disse, questionado sobre ações judiciais que tentaram, sem sucesso, afastar o pai dele, o apresentador Ratinho, do SBT, de eventos de campanha.

“Quero avisar os cuecas de seda que estão tentando me tirar do lado do meu filho, que estão mamando nas tetas desta prefeitura há 40 anos, que vocês estão é se cagando de medo”, respondeu o apresentador, amigo íntimo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em fins de setembro, num comício na periferia.

“Não mudei de lado”

A entrada de Ratinho Jr. no governo é vista como uma manobra de Richa para reverter a derrota que seus candidatos sofreram em Curitiba e Londrina, principais colégios eleitorais do Paraná, com vistas à disputa pela reeleição em 2014.

Político de grande carisma, ele foi a grande surpresa nas eleições curitibanas –-venceu o primeiro turno mesmo tendo o menor tempo no horário gratuito entre os principais concorrentes e, apesar de perder a eleição, fez 387.483 votos no segundo. Antes disso, em 2010, fora o deputado federal mais votado do Paraná – saiu das urnas com 359 mil votos, mais que o dobro do segundo colocado.

Na capital, foi eleito o ex-tucano Gustavo Fruet (PDT), que chegou à prefeitura com apoio do PT, comandado no estado pelo casal de ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações).

Apesar disso, durante a campanha do ano passado, Ratinho disse diversas vezes que só o “PT de gravata” estaria com Fruet, e que a base do partido apoiaria sua candidatura. Além disso, ressaltou o fato de sempre ter feito parte da base aliada de Lula e Dilma Rousseff na Câmara.

“Não estou mudando de lado, de forma alguma. Meu partido é base da presidente Dilma, e sempre defendi esse governo e as políticas implantadas pelo presidente Lula, a quem sempre tive admiração como homem público”, afirmou.

“Continuarei tendo respeito e vínculo [com o governo federal]. Mas a secretaria é uma questão regional. No Paraná, O PSC já estava na base do governo Richa. E claro que agora fico mais focado na política regional. O que pesou foi o desafio, e poder fazer política mais próximo dos prefeitos”, falou.

Ele também refutou que o apoio de petistas ao ex-tucano Fruet tenha pesado na decisão – em entrevista concedida logo após o segundo turno, ele confessou “não ter mais o mesmo carinho” por Gleisi e Bernardo. “Não olho para o retrovisor [sobre Gleisi e Bernardo]. O que houve na campanha passou”, disse.

Cotado como possível candidato a vice-governador, com Richa – que deverá enfrentar, justamente, Gleisi –, Ratinho esquivou-se. “Temos um projeto não só do partido, mas de trabalho, de exercer cargos no executivo. Tenho perfil de gestor, gosto da área. Mas em momento algum o governador me pediu e foi discutido [apoio em 2014]”, disse.

Em seguida, disse: “Claro que é um caminho que, dependendo do desempenhos meu e do governo, e do relacionamento entre os partidos, pode acontecer.”

Ex-ministro vai para Casa Civil

Além de Ratinho Junior, Richa anunciou que o deputado federal Reinhold Stephanes (PSD) irá assumir a Casa Civil em lugar de Luiz Eduardo Sebastiani, que irá a Diretoria Financeira da Copel (Companhia Paranaense de Energia). Ex-político da Arena, Stephanes trabalhou para o governo federal durante a ditadura militar, nos anos 1970.

Depois, pelo PMDB, foi ministro sob Fernando Collor, Fernando Henrique Cardoso e Lula.