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Bolsa Família será mantido 'enquanto for necessário', diz Dilma em Ponta Grossa (PR)

Presidente Dilma Rousseff participa, nesta terça-feira (16), de cerimônia de entrega de casas de conjuntos habitacionais e de máquinas retroescavadeiras em Ponta Grossa, no Paraná - Roberto Stuckert Filho/Presidência da República
Presidente Dilma Rousseff participa, nesta terça-feira (16), de cerimônia de entrega de casas de conjuntos habitacionais e de máquinas retroescavadeiras em Ponta Grossa, no Paraná Imagem: Roberto Stuckert Filho/Presidência da República

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Ponta Grossa (PR)

16/07/2013 14h05

A presidente Dilma Rousseff (PT) disse nesta terça-feira (16), em Ponta Grossa (103 km de Curitiba) que irá manter o programa Bolsa Família “enquanto for necessário”. A declaração veio em no meio de um longo discurso em que a petista enumerou medidas sociais de seu governo, numa solenidade de entrega de 1.438 casas do programa Minha Casa, Minha Vida e de 42 tratores a prefeitos paranaenses.

“Uma [das iniciativas de inclusão social] que manteremos enquanto for necessário que é o Bolsa Família”, afirmou. Nesta terça, a Folha informa que a Caixa Econômica Federal não teve autorização do Ministério do Desenvolvimento Social para antecipar o pagamento do Bolsa Família na véspera da onda de boatos sobre o fim do benefício, contrariando regras do programa.

Há alguns dias, investigação da PF (Polícia Federal) descartou crime na difusão de rumores sobre o fim do programa – que gerou tumulto há dois meses. À época, o governo chegou a sugerir uma ação orquestrada pela oposição.

Em seu discurso, a presidente não comentou a informação da Folha, nem os resultados da investigação da PF. A presidente não parou para conversar com jornalistas, ao final da solenidade. A reportagem procurou a assessoria da Caixa em busca de uma entrevista com o presidente do banco, Jorge Hereda (que acompanhou Dilma no Paraná), mas foi informada de que ele não falaria.

O discurso

Falando por mais de meia hora, Dilma lançou afagos a velhos aliados do PT (“Vivemos num país especial, em que conversamos e temos diálogo com os movimentos sociais”) e à população carente (“Sou presidenta com um olho voltado de forma muito intensa para aqueles que mais precisam”).

Na plateia, estavam principalmente beneficiados do Minha Casa, Minha Vida da menor faixa de renda do programa, que vai até R$ 1.600 mensais. “O dinheiro que o governo arrecada tem que ser devolvido à população que mais precisa. E a população que mais precisa é essa que está ganhando o Minha Casa, Minha Vida”, afirmou a petista.

Também dirigiu agrados aos mais de 40 prefeitos presentes à cerimônia – na semana passada, a presidente chegou a ser vaiada por eles durante reunião em Brasília. “O governo federal começa, a partir de agosto, a liberar R$ 3,5 bilhões [para os municípios]. Em agosto, libera R$ 1,5 bilhão e, em abril [de 2014], mais R$ 1,5 bilhão. É liberação fora do FPM (Fundo de Participação dos Municípios, fatia da arrecdação federal destinada às prefeituras).”

Lembrou dos pactos que firmou, após a onda de protestos pelo País, com governadores e prefeitos. “Fiz pacto pela ética na política, por valores republicanos, pela garantia de que dinheiro público não se desvie de sua finalidade. Fiz pacto para garantir que vamos ter médico, e saúde. Fiz pacto para que tenhamos royalties [do pré-sal investidos na educação]. E fiz pacto pela qualidade do transporte urbano”, falou a petista.

“Governo federal não é responsável pelo transporte. Mas tem sua responsabilidade. Somos capazes, e vamos ajudar cada prefeito de capital a melhorar o sistema de transporte”, prometeu.

Ao final, o discurso teve clima de palanque eleitoral. “Todos temos de ter uma certeza: Brasil tem tudo, mas tudo mesmo, para ser nação desenvolvida. Ao longo da história, muitas vezes perdemos essa chance. Tenho certeza, hoje, de que nós não perderemos essa oportunidade”, falou a presidente, para em seguida completar: “Eu honrarei a capacidade de luta das mulheres brasileiras.”

Richa

Crítico do que classifica de escassez de dinheiro federal no Paraná (há algumas semanas, afirmou que o Estado é o quinto que mais contribui com a União, mas apenas o décimo sexto no ranking de investimentos), o governador Beto Richa (PSDB) não tocou no assunto em sua fala, que precedeu a de Dilma.

Rodeado por aliados da petista, no palanque, o tucano adotou tom cordial. “Quero agradecer a presença honrosa da presidente. É motivo de alegria para todos os paranaenses.”

“Nesta área da habitação, tenho que agradecer muito aos investimentos do governo federal, como tenho feito sistematicamente esse registro. Temos garantido uma sólida parceria de resultados [em moradia popular]”, disse Richa.

Em seguida, lançou mão de dado que contraria suas recentes reclamações. “Segundo diretores da Caixa, temos a maior parceria habitacional de todo o País, resultado da união dos governos e prefeituras municipais para cobrir um grande déficit habitacional. Temos, entre entregues, obras e contratadas, mais de 50 mil casas. Meta é atingir mais de 110 mil casas populares.”

Ao terminar seu discurso, o tucano voltou a sentar-se em seu lugar no palanque. Na cadeira ao lado, estava o ministro das Comunicações, o paranaense Paulo Bernardo, que, em evento do PT no mês passado, respondera com acidez às críticas de Richa. “Ele tem que trabalhar mais e reclamar menos”, dissera.

Durante toda a solenidade, Richa e Bernardo nem sequer se falaram. A mulher do petista, a também ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), é provável candidata ao governo do Estado em 2014 – quando o tucano irá buscar a reeleição.

Protesto

A cerca de cem metros do estande montado para a solenidade, um grupo de dezenas de pessoas protestava. Entre eles, estavam sindicatos de servidores municipais e integrantes do movimento pelo passe livre local. Ao lado deles, devido ao rígido esquema de segurança, uma fila de pessoas ainda aguardava para entrar e assistir a cerimônia, iniciada com uma hora de atraso.

A solenidade

Dilma inaugurou quatro conjuntos residenciais do programa Minha Casa, Minha Vida na periferia de Ponta Grossa. São 1.438 casas com 36,77 a 48,72 metros quadrados, para famílias com renda mensal de até R$ 1.600, em que devem viver 5.751 pessoas, informou o Ministério das Cidades. O investimento é de R$ 74,51 milhões, bancados pelos governos federal, estadual e a prefeitura.

Segundo o Ministério das Cidades, a entrega das chaves dá aos moradores acesso à linha de crédito Minha Casa Melhor, da Caixa. Trata-se de um financiamento de até R$ 5.000 para compra de móveis, eletrodomésticos e eletro-eletrônicos, pagos em 48 prestações com juros de 5% ao ano.

No Paraná, a presidente também entregou máquinas retroescavadeiras a 42 prefeitos (com direito a foto, no palanque, ao lado da presidente, do governador Beto Richa e de ministros), destinadas à construção e recuperação de estradas vicinais. As 42 máquinas custaram R$ 6 milhões, informou o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Com Dilma, estiveram em Ponta Grossa o casal de ministros paranaenses Gleisi Hoffmann (Casa Civil, apontada como pré-candidata do PT ao governo do estado) e Paulo Bernardo (Comunicações), além de Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), o presidente da Caixa, Jorge Hereda, e um grupo de parlamentares que incluiu do petista Zeca Dirceu (PR, filho do ex-ministro José Dirceu) ao ruralista Abelardo Lupion (DEM-PR).