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Advogado diz que ex-senador Demóstenes Torres o ameaçou

Lourdes Souza

Do UOL, em Goiânia

24/01/2014 18h06

O ex-senador Demóstenes Torres é acusado de ameaçar de morte e tentar agredir fisicamente um advogado de Goiás. O caso foi registrado em termo circunstanciado de ocorrência (TCO), na 4ª Delegacia Distrital de Polícia de Goiânia, em 19 de dezembro.

Neilton Cruvinel, autor da denúncia, afirmou que Demóstenes o ameaçou de morte e degola durante reunião ocorrida no apartamento do ex-senador, no setor Oeste, em Goiânia, no dia 13 de dezembro. No TCO, o advogado relata que Carlos Cachoeira e o empresário e tabelião Maurício Sampaio, que responde processo por mandar matar o radialista goiano Valério Luiz, estavam presentes no encontro.

Cruvinel conta que chegou ao apartamento de Demóstenes, que estava alterado e o agrediu verbalmente e tentou atacá-lo fisicamente. As desavenças teriam começado quando os dois frustraram um projeto de montar um escritório de advocacia juntos. Desde então, segundo o advogado, o ex-senador começou a agir de forma dissimulada e a fomentar intrigas.

Ele diz que logo no início da reunião Demóstenes começou a xingá-lo,  dizendo que tinha feito intrigas, e o acusou de ter dito a várias pessoas que o escritório de advocacia não seria só deles, mas também de Cachoeira. O ex-senador teria tentado agredi-lo fisicamente e foi contido por Cachoeira e Sampaio.

O advogado afirma que a discussão esquentou e Cachoeira saiu do apartamento.  Com medo das ameaças, ele diz que pediu ajuda a Maurício Sampaio para deixar o apartamento e foi perseguido por Demóstenes até o elevador, quando o ex-parlamentar teria dito que iria degolá-lo.

Para a polícia, Cruvinel disse que não tinha como deixar de relatar essa ameaça porque sabia que era real e que Demóstenes planeja atentar contra sua vida.

No TCO, ele relata ainda que problemas financeiros entre ele e o tabelião Maurício Sampaio começaram a ser usados por Demóstenes para fomentar intrigas. Segundo ele, que era sócio de Sampaio em uma rádio e jornal de Goiânia até o final do ano passado, o ex-senador começou a espalhar que o tabelião estaria descontente com os acordos destes negócios e poderia até matá-lo.

As informações repassadas por Cruvinel sugerem que o controle da rádio e do jornal despertava interesse em Demóstenes e Cachoeira. Há informações extra-oficiais de que o ex-senador também tinha participação paralela no acordo.

O delegado adjunto da 4ª Delegacia Distrital de Goiânia, Everaldo Vogado da Silva, disse que a investigação está parada por causa das férias da delegada titular Edilma Freitas, a responsável pelo caso.

Segundo ele, as apurações devem ser retomadas em fevereiro, quando um ofício será enviado à Procuradoria do Ministério Público de Goiás (MP-GO) informando sobre o teor do TCO e convocando o ex-senador, que é procurador de Justiça do MP-GO e está suspenso do cargo, para prestar esclarecimentos. 

Outro lado

O advogado de Demóstenes Torres, Pedro Paulo Medeiros diz que o cliente confirma que participou de uma reunião somente com Neilton Cruvinel, no dia 13 de dezembro, em seu apartamento em Goiânia.

O advogado diz que a pauta não era uma possível formação de uma sociedade em um escritório de advocacia, mas sim a demissão (destituição) de Cruvinel do posto de defensor do ex-senador no processo administrativo que corre no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Cargo assumido posteriormente por Pedro Paulo Medeiros, que já atuava como defensor de Demóstenes no inquérito que tramita no Tribunal de Justiça.

Segundo ele, o ex-senador também nega que outras pessoas tenham participado do encontro. Medeiros diz que Demóstenes ainda não teve acesso ao TCO e também não foi notificado oficialmente sobre a existência do mesmo. “Só tivemos acesso ao que saiu da imprensa. Vamos aguardar as informações oficiais, mas não temos com o que nos preocupar porque nada de errado aconteceu na reunião, não temos que provar inocência diante destas acusações que não possuem procedência”.

Carlos Cachoeira, Maurício Sampaio e o advogado Neilton Cruvinel não foram localizados pela reportagem para comentar o conteúdo do TCO.