Relator faz 139 perguntas a Graça na CPMI da Petrobras; oposição critica
Bruna Borges
Do UOL, em Brasília
11/06/2014 17h28Atualizada em 11/06/2014 19h08
Parlamentares da oposição criticaram as 139 perguntas feitas pelo relator da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da Petrobras, deputado Marco Maia (PT-RS), à presidente da estatal, Graça Foster durante audiência nesta quarta-feira (11) em mais um depoimento sem novidades para a investigação.
A oposição, que estava boicotando a CPI do Senado, que tem o mesmo objetivo, compareceu em peso na sessão de hoje, que tem seu primeiro depoimento. Os oposicionistas consideram a comissão do Senado "chapa branca", mas a CPI mista também é presidida por um senador da base do governo e tem um relator do PT.
Para o líder do SD, deputado Fernando Francischini (PR), as perguntas de Maia são uma tentativa de estender a reunião da comissão e não deixar que outros parlamentares façam questionamento.
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O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) e o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) também questionaram a forma como as perguntas têm sido conduzidas.
O relator, entre outros questionamentos, quis saber quais são as principais diretrizes da Petrobras e se a estatal está preparada para os desafios dos próximos anos, causando risos dos parlamentares. Maia preparou 139 perguntas e pelo regimento tem prioridade na ordem de perguntas.
“Momentos com perguntas mais contundentes e menos contundentes, mas a responsabilidade é do relator. Este relator tem uma lógica de investigação”, defendeu Maia.
O presidente do comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), defendeu a prioridade da fala de Maia. “Ele tem um roteiro. Vamos respeitar porque ele tem uma lista de perguntas.”
Esta é a quarta vez que a presidente da Petrobras comparece a uma audiência do Congresso para dar explicações sobre a estatal. Ele esteve na Câmara, no Senado e na CPI da Petrobras do Senado. Seu depoimento começou às 14h45 e a fala inicial durou cerca de uma hora.
Durante seu depoimento, Graça negou que o projeto de construção da refinaria Abreu e Lima tenha sido feito como uma "conta de padeiro", como declarou o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa. "Eu me nego a repetir essa palavra, acho medonha em respeito a Petrobras, a nossa diretoria é digna. Posso falar que cometemos erros e aprendemos com os erros, mas o projeto foi feito com muito cuidado e zelo. Nós temos equipes que trabalham exaustivamente na engenharia da Petrobras", defendeu Foster.
Graça voltou a afirmar que a compra da refinaria de Pasadena (EUA) em 2006 pela Petrobras era um “negócio potencialmente bom”. Em audiências anteriores na Câmara e no Senado e na CPI do Senado, a executiva já havia admitido que a aquisição, apesar de estar alinhada com o planejamento estratégico da época, teria gerado prejuízos a estatal e que era um "negócio de baixo retorno" se analisado hoje.
Graça afirmou novamente que as cláusulas "Marlim" e "Put Option", que seriam lesivas à Petrobras, são importantes e que não constavam do resumo técnico que foi usado pelo Conselho de Administração da Petrobras ao aprovar a compra de Pasadena.
A cláusula "Put Option" determinava que em caso de desacordo entre a Petrobras e a Astra Oil sobre a refinaria de Pasadena, a estatal brasileira seria obrigada a comprar os 50% da empresa belga.
A executiva também destacou que a Astra, antiga proprietária de Pasadena, gastou cerca de US$ 350 milhões com a refinaria com ativos trabalhistas e adaptações na empresa e não os US$ 42,5 milhões como estava sendo divulgado.