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Dilma teme que governo Temer use violência contra movimentos sociais

Alan Marques/Folhapress - 2.mar.2016
Imagem: Alan Marques/Folhapress - 2.mar.2016

Do UOL, em São Paulo

13/05/2016 16h13

A presidente afastada Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira (13), em entrevista para veículos de comunicação estrangeiros, no Palácio da Alvorada, que teme o uso de "mecanismos ilegítimos" por parte do governo Temer contra movimentos sociais que farão oposição a ele. Cerca de 30 veículos estavam presentes.

"Não sei se não existe risco de reações violentas [a protestos]. Um governo ilegítimo sempre precisa de mecanismos ilegítimos para se manter no poder”, afirmou a petista, em trecho divulgado pela agência Reuters.

A exemplo do que disse nos dois discursos que deu na última quinta, dia que foi confirmado seu afastamento, Dilma ressaltou que o governo federal, sob seu comando, não reprimiu nenhum ato de oposição.

Wall Street Journal

Outro veículo presente na entrevista coletiva, o norte-americano Wall Street Journal deu destaque ao trecho em que a petista diz estar confiante para reverter a decisão provisória do Senado Federal no julgamento definitivo, a ser realizado novamente na Casa. 

"Acredito na minha defesa. Viajarei para qualquer lugar que me convidarem para explicar os pontos do meu caso", declarou. "O processo não tem base legal, é um golpe de Estado. É um mecanismo político pelo qual pessoas que não foram eleitas conseguiram chegar ao poder". 

Durante o período de afastamento de Dilma Rousseff por até 180 dias, o vice da chapa que venceu as eleições de 2014, Michel Temer (PMDB-SP), ficará no cargo interinamente.

O Wall Street Journal ainda relata que Dilma criticou a reforma ministerial promovida por Temer, que reduziu para 23 (antes eram 32) o número de pastas e nomeou apenas homens brancos para os cargos, logo no dia de sua posse. 

"Lamento que não tenham mulheres ou negros na administração depois de tantos anos [a última vez havia sido no governo militar de Ernesto Geisel, entre 1974 e 1979]. Discriminações raciais e de gênero são um problema sério no Brasil", disse. 

“É um governo que reflete um lado bastante claro, será um governo liberal na economia e extremamente conservador na área cultural, social. Está mostrando isso na sua formação", avaliou Dilma na entrevista.

Segundo sua agenda, a presidente afastada deixará Brasília rumo a Porto Alegre ainda nesta sexta-feira, onde tirará alguns dias de descanso para depois voltar a defender o seu mandato.

"Teremos que nos defender também politicamente, porque esse é um juízo jurídico e político".

O novo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta sexta acreditar que as medidas adotadas pelo governo do presidente interino Michel Temer em "resposta à sociedade" vão assegurar que o peemedebista seja confirmado no cargo definitivamente. "Nós temos convicção que vamos fazer um trabalho como governantes que vai nos assegurar que o governo que hoje é provisório se torne definitivo antes dos 180 dias. Fruto da resposta que possamos dar à sociedade", afirmou Padilha, ao responder a pergunta de uma jornalista sobre o motivo de um governo interino estudar medidas de longo prazo, como a reforma da Previdência. 

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