De homem forte do Congresso a prisioneiro: ascensão e queda de Cunha em 2 anos
Do UOL, em São Paulo
19/10/2016 18h04
Preso pela Polícia Federal nesta quarta-feira (19), o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) começou sua carreira política há cerca de 30 anos trabalhando em campanhas eleitorais para o PMDB e PDS (atual PP). O auge de sua trajetória foi a eleição para presidência da Câmara dos Deputados, em 2015, destacando-se entre os líderes da campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff.
Em 2014, Cunha já vinha chamando atenção como líder do PMDB na Câmara, quando acirrou a divisão do seu partido ao apoiar o então candidato a presidente Aécio Neves (PSDB-MG).
Economista e radialista, Cunha já foi aliado do então presidente Fernando Collor de Mello e do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho. Nos últimos meses, no entanto, seu poder político foi caindo rapidamente, culminando com sua prisão.
Veja também
Veja a cronologia da ascensão e queda de Cunha nos últimos dois anos.
Outubro de 2014
Apoio a Aécio
Eduardo Cunha é reeleito deputado federal, sendo o terceiro mais votado do Rio de Janeiro, recebendo mais de 230 mil votos. Com a força das urnas e líder do PMDB na Câmara, Cunha anuncia o apoio no segundo turno ao então candidato a presidente da República Aécio Neves (PSDB) contra presidente Dilma Rousseff (PT) e expõe ainda mais a divisão dentro do seu partido, o PMDB, que participava da chapa da petista com o vice Michel Temer.
Fevereiro de 2015
Eleito presidente da Câmara
Cunha comanda a sessão na Câmara dos Deputados que abre o processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, por 367 votos a favor e 137, contra. No dia seguinte, o presidente da Câmara diz que iria trancar a pauta até o Senado votar a cassação de Dilma. "A partir da próxima semana, já temos três medidas provisórias que serão lidas hoje e vão trancar a pauta”, disse Cunha, após entregar o processo para o presidente do Senado, Renan Calheiros.
Maio de 2016
STF suspende mandato
Por unanimidade, o STF (Supremo Tribunal Federal) decide suspender o mandato do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e afastá-lo da Presidência da Câmara dos Deputados acusado de obstruir investigações contra ele realizadas pela Operação Lava Jato.
Junho de 2016
Abertura de processo de cassação
O Conselho de Ética aprova, em votação apertada (11 contra 9), o parecer pela abertura do processo de cassação de Eduardo Cunha. Nos meses anteriores, o ex-deputado fez várias manobras para adiar e evitar a votação.
Pedido de prisão
Logo após a suspensão do seu mandato, a Procuradoria da República pede a prisão Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à Justiça Federal do Paraná por corrupção na Petrobras, pela acusação de improbidade administrativa a partir das investigações da Operação Lava Jato. Além da suspensão dos direitos políticos, os procuradores pediram uma indenização de US$ 10 milhões.
Julho de 2016
Renúncia à Presidência da Câmara
Pressionado pela Justiça e por seus colegas, Cunha acaba decidindo renunciar da presidência da Câmara. Ao ler sua carta de renúncia, o ex-presidente da Câmara não resiste e chora. “Somente minha renúncia poderá pôr fim a esta instabilidade sem prazo. A Câmara não suportará esperar indefinidamente", disse o deputado.
Setembro de 2016
Cassação no plenário
Remessa de processo a Moro
Dois dias depois, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki autorizou a remessa para a Justiça Federal da ação penal em que Cunha é acusado de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro por manter contas na Suíça com dinheiro oriundo de uma suposta operação envolvendo negócios da Petrobras na África. O juiz Sérgio Moro recebe o processo.
Outubro de 2016
Prisão
A Polícia Federal prende Eduardo Cunha a pedido do juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Além da prisão, Moro decretou o bloqueio de bens do ex-deputado no valor de R$ 220.677.515,24. Em seu perfil no Facebook, Cunha classificou a decisão de Moro como "absurda". E afirmou que Moro não tem "competência" para prendê-lo.