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Jucá chama Janot de "líder de facção" e anuncia afastamento temporário de Geddel do PMDB

 Romero Jucá, senador (RR) e presidente nacional do PMDB - Foto: ABr
Romero Jucá, senador (RR) e presidente nacional do PMDB Imagem: Foto: ABr

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília*

13/09/2017 18h20Atualizada em 13/09/2017 18h40

O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), chamou nesta quarta-feira (13) o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de “líder de facção” ao comentar o conteúdo das delações premiadas acordadas entre ele e alvos da Justiça que acusam integrantes do alto escalão do PMDB, incluindo o presidente Michel Temer (PMDB), de ter recebido propina.

Segundo Jucá, Janot é o “líder da facção” formada pelo empresário da JBS Joesley Batista, pelo ex-procurador Marcello Miller, o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o ex-senador do PT Delcídio do Amaral. Os três últimos firmaram acordos de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato durante a gestão de Janot à frente da PGR, que termina neste domingo (17).

“O líder dessa facção, Rodrigo Janot, vai ficar mais dois dias na PGR. O que é lamentável até, porque está acabando de uma forma muito triste, muito melancólica. Aliás, como previ há alguns dias atrás. Qualquer ato dele hoje está envaido de uma série de erros, de raiva, de rancor, de tentativa de apagar o rastro de irregularidades para que a nova PGR não encontrasse isso. Mas parece que não está dando certo o plano”, afirmou.

“Agora está se vendo que a organização do Janot é o Janot, o Marcello Miller, mais alguns procuradores, o Joesley [Batista], o Sérgio Machado, o [Nestor] Cerveró, o Delcídio [do Amaral]. Essas são as companhias do Janot que armaram todo esse circo”, acrescentou.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da PGR informou que Janot não vai se manifestar sobre as declarações do peemedebista.

No fim do mês passado, ao ser alvo de três denúncias oferecidas por Janot em sete dias, Jucá disse não saber se o procurador-geral tem um "fetiche" com seu bigode.

Nesta quarta, Jucá avaliou que uma eventual segunda denúncia contra Temer, que deve ser apresentada até sexta (15), com base na delação da JBS, terá de ser analisada pela Câmara com maior desconfiança do que a primeira, rejeitada no início de agosto. Isso porque, de acordo com Jucá, as delações aprovadas por Janot “já deram exemplo do que são” e são um “acordo entre amigos”, ao se referir à reavaliação em curso dos benefícios dos delatores da JBS no suposto esquema de corrupção da empresa com o governo atual e passados.

Afastamento de Geddel do PMDB

O PMDB decidiu nesta quarta-feira afastar por 60 dias o ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, de suas funções partidárias na executiva nacional e regional da Bahia. A decisão foi tomada em reunião da Executiva Nacional na Câmara dos Deputados.

O pedido de afastamento havia sido feito pelo próprio Geddel para tentar isolar seu caso de suspeita de corrupção do presidente Michel Temer, também do PMDB. Ele foi preso pela segunda vez na sexta (8) pela Polícia Federal em um desdobramento da Operação Lava Jato e, atualmente, está detido no presídio da Papuda, em Brasília.

Na terça (5), a PF encontrou em um imóvel na capital baiana que seria usado pelo ex-ministro de Michel Temer, com armazenamento de dinheiro em espécie. O valor chegou a R$ 51 milhões, distribuídos em oito caixas e seis malas. A polícia encontrou as digitais do ex-ministro no apartamento.

*Colaborou Gustavo Maia