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Bruno Araújo pede demissão e diz que não tem mais apoio do PSDB

O ministro das Cidades, Bruno Araújo, durante cerimonia de entrega do Cartão Reforma, pouco antes de pedir demissão Imagem: Demétrius Abrahão de Farias Ferreira/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Luciana Amaral e Gustavo Maia

DO UOL, em Brasília

13/11/2017 17h39Atualizada em 13/11/2017 21h00

O ministro do PSDB Bruno Araújo (PE) pediu exoneração do Ministério das Cidades ao presidente da República, Michel Temer (PMDB), nesta segunda-feira (13). A entrega da carta de demissão aconteceu momentos após solenidade da pasta para a entrega das primeiras unidades do cartão-reforma no Palácio do Planalto.

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No início da mensagem, ele cita que aceitou o cargo após decisão do PSDB e, mais adiante, agradece a "confiança" do partido. Cita, porém, que hoje a legenda não oferece o suporte necessário para que ele continue no ministério. "Já não há mais nele apoio no tamanho que permita seguir nessa tarefa", justifica.

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Na carta de demissão, Araújo disse ter a convicção de que "a serenidade da história vai reconhecer" no governo Temer "resultados profundamente positivos para a sociedade brasileira". O agora ex-ministro ainda cita o que classificou como "avanços na governança", apontando que o programa "Minha Casa, Minha Vida" e a credibilidade nos compromissos financeiros foram recuperados.

Ele também menciona o que chamou de "marcas relevantes no desenvolvimento social do país": o Cartão Reforma e a Nova Legislação Fundiária.

Lançado oficialmente em 9 de novembro do ano passado, o Cartão Reforma beneficiou somente 150 famílias em todo o Brasil até o momento --um ano depois. A meta é que 182 mil famílias sejam atendidas até o fim de 2018, quando termina o governo Temer.

Araújo diz, no entanto, que "há ainda muito o que fazer". "É hora das prioridades serem mais da sociedade e menos das corporações. É fundamental coragem de todos para os enfrentamentos que protejam as necessidades dos que não conseguem faltar ao trabalho para vir a Brasília clamar por melhores serviços públicos", escreveu.

O deputado federal, que estava licenciado desde que assumiu a pasta, em maio do ano passado, encerrou a carta agradecendo a Temer e desejando "que Deus abençoe essa amada Nação". "Do pernambucano, Bruno Araújo", concluiu. Ele permaneceu um ano e meio no governo.

Este é o segundo pedido de exoneração de Bruno Araújo. Quando o conteúdo da delação premiada de executivos do grupo J&F ao Ministério Público Federal foi revelado em maio deste ano, ele chegou a apresentar um pedido de demissão a Temer, mas foi convencido a permanecer no cargo.

Em 2016, o voto de número 342 a favor do prosseguimento do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT) foi dele.

Demissão após solenidade no Planalto

Em solenidade no Palácio do Planalto nesta segunda justamente sobre o Cartão Reforma, antes de oferecer sua carta de exoneração, o ministro agiu normalmente e começou o discurso agradecendo diversas pessoas da pasta para que a entrega do cartão fosse realizada.

Ele ressaltou a iniciativa lançada em novembro do ano passado e disse que o déficit de precariedade habitacional havia sido “deixado de lado pelo Estado brasileiro”.

Em discurso, ele também elogiou o apoio dado às ações do Ministério das Cidades por outras pastas do governo Michel Temer. Em um momento, como que se despedindo em um ato involuntário, Araújo chega a começar a dizer “deixamos”, mas logo se corrige para “vamos”.

"Não tenho a menor dúvida de que nós deixamos, nós vamos, que o governo de Vossa Excelência deixa plantado na regularização fundiária e no cartão-reforma importantes pontos no desenvolvimento social do país”, concluiu.

Desembarque do PSDB e disputa no “centrão”

A saída acontece em meio à pressão pela saída do PSDB do governo e de partidos do "centrão" por mais espaço na Esplanada. No final de semana, o presidente afastado do partido, senador Aécio Neves (MG), confirmou o desembarque tucano. "Vamos sair do governo pela porta da frente, da mesma forma que entramos", disse o senador.

O chamado centrão abrange deputados federais de siglas como PP, PR, PSC, Pros, PTB, PSD, PRB, Avante, PSL e Solidariedade, e que ajudaram a arquivar na Câmara a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente e os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil).

O Ministério das Cidades é uma das pastas mais cobiçadas por ter um dos maiores orçamentos da Esplanada – cerca de R$ 20 bilhões –, grande quantidade de emendas e alto poder de impacto social perante a população. A corrida pela pasta aumenta também porque 2018 será um ano eleitoral, e as ações promovidas por meio da pasta podem ajudar a eleger um candidato.

Mais cedo, em evento no Rio de Janeiro nesta segunda-feira ao lado de seis ministros e das autoridades locais, Temer afirmou que "não há uma desintegração sequer" no ministério. Disse ainda que o lema do governo é o "diálogo" e que "o Brasil quer paz".

"Diálogo é o termo que dirige o meu governo. Diálogo com o Congresso Nacional, diálogo com a sociedade, e que nos permitiu em primeiro lugar superar uma recessão extraordinária e chegarmos hoje com abertura de empregos, inflação baixa, juros menores", disse o peemedebista.

Além das Cidades, o PSDB tem mais três ministérios: Direitos Humanos (Luislinda Valois), Relações Exteriores (Aloysio Nunes Ferreira) e Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy).

Em nota, o senador Paulo Bauer (PSDB-SC), líder da bancada tucana no Senado, afirmou que Araújo cumpriu sua missão e orgulhou o partido. Para Bauer, a decisão do agora ex-ministro "deve ser respeitada", já que ele ainda tem "muito a realizar" no mandato como deputado federal de Pernambuco.

O tucano disse ainda que o PSDB tem um projeto a ser desenvolvido no próximo ano, "que é o de oferecer uma candidatura presidencial que possa unir os brasileiros e levar a nação ao desenvolvimento pleno à justiça social e à tranquilidade política".

TEMER DIZ QUE HÁ "UNIDADE ABSOLUTA" NO MINISTERIADO

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