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Lula diz não temer "terrorismo" de setores da economia: "Não pedirei voto ao mercado"

Daniela Garcia

Do UOL, em São Paulo

04/12/2017 21h51Atualizada em 04/12/2017 22h47

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse na noite desta segunda-feira (4) não temer o que chamou de "terrorismo" por parte de setores da economia contra a sua candidatura à Presidência em 2018. O petista assegurou que, diferentemente da primeira eleição que venceu como presidente, não pretende "pedir voto para o mercado".

"Não adianta o mercado ficar fazendo terrorismo. Primeiro, porque eu não vou pedir voto para o mercado. O mercado vai precisar muito mais de mim do que eu dele", disse em Vitória, no primeiro dia de sua terceira caravana pelo Brasil como pré-candidato. Depois do Nordeste e Minas Gerais, Lula iniciou nesta segunda-feira uma visita por cidades do Espírito Santo e Rio de Janeiro.

O ex-presidente lembrou que foi chamado de "Lulinha, paz e amor" nas eleições de 2002, quando divulgou a "Carta ao Povo Brasileiro", com o objetivo de acalmar o mercado financeiro, à época, pela iminência de sua vitória. "Eu, em 2002, comecei a dizer que eu era o 'Lulinha, paz e amor' para ganhar as eleições. Cheguei a fazer uma carta ao povo brasileiro para dizer ao mercado que eu ia cumprir com tudo aquilo que era compromisso feito pelo Brasil", declarou nesta segunda.

O petista disse que tanto o mercado como a imprensa não estão de acordo com a candidatura dele. "Eu não tenho apoio da [Rede] Globo, de banqueiro e nem de empresa. Mas eu tenho uma coisa sagrada que é o apoio do povo brasileiro", reforçou.

Sem citar nomes de adversários, Lula criticou os que não se assumem como políticos. "Se eles têm vergonha de dizer que são políticos, eu tenho orgulho. Se eles têm vergonha do partido deles, eu não tenho." Segundo ele, o Brasil não "está precisando de um gestor". " [O país] não pode ser governado como se fosse uma oficina mecânica. Esse país está precisando de um político que conheça o povo brasileiro", disse.

Em pesquisa Datafolha divulgada no último sábado (2), o petista lidera as intenções de voto para a eleição presidencial de 2018 em todos os cenários apresentados aos entrevistados, variando entre 34% e 37%, sempre seguido pelo deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que flutua entre 17% e 19% nos cenários em que Lula aparece.

Sem presença do governador

Diferentemente das caravanas no Nordeste e em Minas Gerais, Lula não será recepcionado por governadores no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo.

No Estado capixaba, o governador Paulo Hartung (PMDB) não participou do evento nesta noite. Em 2014, o político apoiou o senador Aécio Neves (PSDB) no pleito presidencial contra a então presidente Dilma Rousseff (PT).

Ao falar de maneira geral de políticos do Estado, Lula assegurou que não vai barrar recursos para quem não pertencer a sua base de apoio. "Perguntem a qualquer prefeito do estado do Espírito Santo se eu dei mais ou menos dinheiro a uma prefeitura porque o prefeito era de outro partido. Perguntem aos prefeitos tucanos, do DEM", disse.