Encontro entre Lula e Bretas é marcado por piadas e revelação de juiz
O primeiro encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, foi marcado pelo bom humor de ambas as partes. Houve piadas e momentos de descontração no começo e no fim da audiência, realizada nesta terça-feira (5).
O petista, preso em Curitiba, foi ouvido por videoconferência como testemunha de defesa do ex-governador do Rio Sérgio Cabral em ação penal da Lava Jato sobre supostas compra de votos na escolha da sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Logo no início da transmissão, Lula brincou ao ver a imagem do juiz no telão: "Esse é o Bretas?". O petista também fez um elogio a si mesmo ao se deparar com a própria imagem: "Estou bonito, hein?".
Essa foi a primeira aparição pública de Lula desde que ele foi preso no dia em 7 de abril.
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A gravação ainda não tinha começado, mas Bretas ouviu os comentários, já que os microfones estavam abertos.
O magistrado ironizou: "Não fala mal de mim que eu estou ouvindo, hein?". "Eu sei, estou com o microfone aqui na frente", rebateu Lula em tom de brincadeira.
O encontro entre Lula e Bretas não chegou a ter momentos de tensão, diferentemente do que ocorreu nos interrogatórios do ex-presidente conduzidos pelo juiz Sergio Moro, responsável pela Lava Jato em Curitiba.
Ao fim dos trabalhos, Bretas elogiou o comportamento do ex-presidente e revelou um fato pessoal.
"O senhor é uma figura importante para o nosso país. (...) Aos 17 ou 18 anos, eu estava aqui em um comício na avenida Presidente Vargas, vivíamos um momento diferente no país. Estava lá usando um boné e uma camiseta no seu nome", declarou o juiz em referência às eleições de 1989.
Em tom de brincadeira, Lula disse ao juiz: "Pode voltar agora". "Quando eu fizer um comício agora vou chamar o senhor para participar", comentou o petista, provocando risadas no público que acompanhava a audiência.
Em seu perfil no Twitter, Bretas escreveu que a "audiência foi tranquila e respeitosa por TODOS os participantes".
Juiz alertou Lula sobre teor do depoimento
Vestido com terno escuro e gravata com as cores da bandeira brasileira, Lula foi interrompido apenas duas vezes por Bretas. Foram momentos nos quais o petista tentava, segundo o magistrado, fugir do assunto e abordar questões políticas.
Na abertura da audiência, o juiz havia alertado que não deixaria isso acontecer e que ele deveria apenas responder às perguntas formuladas pelos advogados, pelo MPF (Ministério Público Federal) e pelo próprio magistrado.
Bretas também observou que a audiência não seria espaço para discursos políticos e que ele exercia uma função "auxiliar do Juízo".
"No Brasil, não tem nenhum brasileiro que quer mais a verdade do que eu", respondeu Lula.
Após algumas tentativas de interrupção por parte de Bretas, o petista retrucou: "Mas isso aqui não é um depoimento de sim ou não".
Videoconferência
Os depoimentos por videoconferência são comuns nas ações penais da Lava Jato no Rio. O próprio Cabral depôs em vídeo em fevereiro deste ano, quando estava no Complexo Médico de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Na ocasião, ele se manteve em silêncio.
Lula foi arrolado como testemunha de defesa na ação penal referente à Operação Unfair Play, que investiga compra de votos na escolha Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Foi essa ação que motivou a prisão do então presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Carlos Arthur Nuzman, e de Leonardo Gryner, seu braço direito no comitê organizador da Rio-16. Nuzman é investigado sob suspeita de ter sido o elo entre o esquema de corrupção do governo Sérgio Cabral (PMDB) e os membros do comitê internacional.
O esquema teria comprado o voto de dirigentes africanos para que o Rio de Janeiro fosse favorecido na disputa ocorrida em 2009, ano em que Lula presidia o país.
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