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PF: Laudo preliminar descarta que confronto causou morte de líder indígena

Foto ilustrativa mostra indígenas da etnia wajãpi, no oeste do Amapá - Fiona Watson/Survival International
Foto ilustrativa mostra indígenas da etnia wajãpi, no oeste do Amapá Imagem: Fiona Watson/Survival International

Do UOL, em São Paulo

16/08/2019 09h42

A Polícia Federal (PF) anunciou hoje um laudo preliminar que descarta o confronto como causa da morte do líder indígena Emyra Wajãpi, no Amapá. O laudo diz ainda que o "exame sugere fortemente" a ocorrência de afogamento.

Em comunicado, a PF explicou que "apesar das informações iniciais darem conta de invasão de garimpeiros na terra indígena e sugerirem possível confronto com os índios, que teria ocasionado a morte da liderança indígena, o laudo necroscópico não apontou tais circunstâncias".

"O documento, assinado por dois médicos legistas do quadro de servidores da POLITEC/AP, estimou que a morte ocorreu entre os dias 21 e 23 de julho último, e não encontrou lesões de origem traumática que pudessem ter ocasionado o óbito", diz a nota da PF.

O corpo de Emyra foi exumado no começo do mês como parte da investigação pela morte, ocorrida em junho. Os líderes da etnia wajãpi acusam garimpeiros ilegais de terem assassinado o cacique após invadirem a área. Em buscas iniciais, policiais militares e federais não encontraram vestígios de invasão, embora os indígenas tenham reiterado a denúncia.

"Ao realizar o exame interno, o laudo indica que a ferida encontrada na cabeça de Emyra Wajãpi, tratava-se de lesão superficial, que não atingiu planos profundos, e que não houve fraturas. Não foram encontradas, ainda, na região do pescoço, lesões traumáticas ou sulcos evidenciáveis de enforcamento. O exame do tórax do indígena também não evidenciou a existência de lesões penetrantes, desmentindo as primeiras notícias que davam conta de que a liderança teria sido atacada a facadas", diz o comunicado.

"O Laudo conclui que o conjunto de sinais apresentados no exame, corroborado com a ausência de outras lesões com potencial de causar a morte, sugere fortemente a ocorrência de afogamento como causa da morte de Emyra Wajãpi", completa.

A Polícia Federal agora aguarda o laudo complementar toxicológico, que trata das amostras retiradas dos órgãos internos e tem previsão de entrega em até 30 dias.