Por apoio evangélico, Bolsonaro culpa economia ao negar subsídio a igrejas
Resumo da notícia
- Presidente demonstrou hoje preocupação em não manchar a sua imagem entre evangélicos
- Ao anunciar recuo em proposta, Bolsonaro disse que "a política da economia é não ter mais subsídio"
- Segundo ele, "o impacto seria mínimo na ponta da linha"
- Coordenador da bancada evangélica na Câmara classificou decisão como "corretíssima"
Convencido pela equipe econômica a desistir de dar subsídio a igrejas, Jair Bolsonaro (sem partido) demonstrou hoje preocupação em não manchar a sua imagem com os evangélicos.
Ao anunciar o recuo e enterrar a proposta, o presidente afirmou: "O impacto seria mínimo na ponta da linha, mas a política da economia é não ter mais subsídio".
Os evangélicos foram cruciais para a vitória de Bolsonaro na eleição do ano passado, e a bancada que representa esse segmento no Congresso tem sido base de sustentação do governo. Além disso, líderes de grandes igrejas como Edir Macedo (Universal), Silas Malafaia (Assembleia de Deus Vitória em Cristo) e R.R. Soares (Graça de Deus) são interlocutores do presidente.
Por esse motivo, segundo apurou o UOL, Bolsonaro acatou a recomendação da economia, isto é, descartou o subsídio, mas não sem eleger um culpado. "Essa é uma decisão minha. Um decreto meu. Logicamente, eu pego pareceres, no caso aqui, de Minas e Energia, da Fazenda [nome antigo do Ministério da Economia]."
O ministro dá seu parecer, modestamente, e a gente procura atender os ministros e os interessados
Jair Bolsonaro
Demanda antiga dos templos de grande porte, a ideia do subsídio foi levada ao Planalto pelos seus líderes, que têm papel fundamental na defesa do governo e na construção de uma narrativa pró-Bolsonaro. Atualmente, eles também estão mobilizados na coleta das quase 500 mil assinaturas necessárias para criação do partido "Aliança pelo Brasil".
O presidente pediu então uma minuta de decreto autorizando a isenção, mas esbarrou na análise do Ministério da Economia, segundo revelou reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo". Ontem (14), ele reclamou das críticas que vinha recebendo e sinalizou que estava propenso a recuar. "Estou apanhando e nem decidi ainda", afirmou.
"Não sei por que essa fama de dar pancada em mim o tempo todo. Eu assinei o decreto? Então, por que essa pancada?".
Encontro com evangélicos
Bolsonaro disse hoje que se reuniu com o coordenador da bancada evangélica na Câmara, o deputado Silas Câmara (Republicanos), e o missionário R.R. Soares, chefe da Igreja Internacional da Graça de Deus. "Falei com eles [durante a reunião] que está suspensa qualquer negociação nesse sentido."
Ao UOL Silas Câmara confirmou a agenda com o presidente, mas disse que não foi informado da desistência nessa ocasião. Apesar de não ter o pleito atendido, ele defendeu Bolsonaro e classificou a decisão como "corretíssima". "Ele não me comunicou. Conversamos sobre o assunto, mas só soube depois pelas notícias que saíram."
"Houve um grande mal-entendido. A ideia era retirar os templos religiosos do chamado horário de ponta [ou horário de pico], e as empresas de energia têm autonomia, se quiserem, para fazer isso. Elas aumentam o valor da conta em até quatro vezes no horário de ponta. Até onde eu sei, o presidente está corretíssimo porque a proposta foi inviabilizada. Ficou carimbada como uma isenção, mas na verdade não é."
De acordo com o deputado, o recuo "não mancha a imagem" de Bolsonaro frente aos evangélicos em "absolutamente nada". "Tem coisas que não compensa você fazer."
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