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Após ameaçar repórter, Bolsonaro se diz perseguido pela Globo há 10 anos

Do UOL, em São Paulo

24/08/2020 08h50Atualizada em 24/08/2020 12h03

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou hoje pela primeira vez sobre a Globo após ameaçar um repórter de um jornal que pertence ao grupo da emissora carioca. No Twitter, Bolsonaro não comentou o episódio e se disse perseguido pela Globo "há pelo menos dez anos". O presidente também citou reportagem da Record sobre suposto envolvimento de herdeiros do grupo Globo com doleiros condenados.

Ontem, Bolsonaro ameaçou um repórter do jornal O Globo em Brasília ao ser questionado sobre os depósitos feitos por Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. "Presidente, por que a sua esposa recebeu R$ 89 mil do Fabrício Queiroz?", questionou o repórter.

"Minha vontade é encher tua boca com uma porrada, tá?", disse o presidente, sem responder à pergunta, e depois emendou: "Seu safado".

Informações da quebra de sigilo bancário de Queiroz apontam que o ex-assessor e sua mulher, Márcia Aguiar, repassaram R$ 89 mil para a conta de Michelle entre 2011 e 2016.

"Há pelo menos dez anos o sistema Globo me persegue e nada conseguiram provar contra mim", escreveu Bolsonaro hoje no Twitter.

"Agora aguardo explicações da família Marinho sobre a delação do 'doleiro dos doleiros', onde valores superiores a R$ 1 bilhão teriam sido repassados a eles", completou o presidente na publicação, fazendo referência a uma reportagem exibida pelo "Domingo Espetacular" na edição de ontem à noite.

A reportagem liga Dario Messer, conhecido como o "doleiro dos doleiros" e que foi condenado a mais de 13 anos de prisão na semana passada, a herdeiros do Grupo Globo. Além de Messer, a reportagem da Record cita outro doleiro condenado, Claudio Fernando Barbosa de Souza, conhecido como Tony.

Segundo a emissora que tem como principal proprietário o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, José Aleixo, um alto executivo da Globo, recebia encomendas mensais de dólares a pedido de Messer. Os valores variavam entre US$ 50 mil (R$ 280 mil) e US$ 300 mil (R$ 1,6 milhão).

Baseada na delação premiada de Messer, a reportagem da Record afirma que Aleixo repassava os valores a Roberto Irineu e João Roberto Marinho, ambos herdeiros de Roberto Marinho no Grupo Globo.

Na semana passada, em edição do Jornal Nacional, a Globo negou as acusações.

"A respeito de notícias divulgadas sobre a delação de Dario Messer, esclarecemos que Roberto Irineu Marinho e João Roberto Marinho não têm e nunca tiveram contas não declaradas às autoridades brasileiras no exterior. Da mesma forma, nunca realizaram operações não declaradas às autoridades brasileiras", diz nota da família Marinho, lida ao vivo pelo apresentador William Bonner.