Bolsonaro: trabalho análogo à escravidão não pode tirar terra de fazendeiro
Do UOL, em São Paulo
12/11/2020 22h19
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a chamar de mentirosa a possibilidade de criar mecanismos para expropriação de terras de donos que cometerem crimes ambientais. Durante live em rede social, ele chegou a minimizar trabalhos análogos à escravidão ao defender o veto à expropriação.
"Poxa, sou a favor do trabalho escravo? Calma pô, ninguém é a favor do trabalho escravo. Mas já existia naquela época e existe hoje que o trabalho análogo à escravidão também pode ser tipificado como escravo. O que é trabalho análogo à escravidão? Eu sei pouco sobre isso. Por exemplo: se você tiver um alojamento mal ventilado, roupa de cama suja, um afastamento não regulamentar entre uma cama e outra, isso é um trabalho análogo à escravidão. O fazendeiro vai perder a fazenda por causa disso?", questionou ele.
Em julho, o chefe do Executivo já havia defendido a flexibilização de normas do trabalho escravo ao declarar que as diretrizes "têm que ser adaptadas à evolução".
Documento do Conselho Nacional da Amazônia
As informações a respeito do plano de expropriação foram publicadas pelo jornal Estado de S. Paulo ontem. Hoje, Bolsonaro disse que foi "abolida". "Não existe isso aqui", acrescentou.
A medida foi revelada a partir de um documento do Conselho Nacional da Amazônia. O texto sinaliza viabilizar o confisco "de todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do crime de grilagem ou de exploração de terra pública sem autorização".
Mais cedo, Bolsonaro negou existência de qualquer intenção nesse sentido e afirmou que "expropriação é em país comunista e socialista".
Durante a live, ele declarou que a propriedade privada é "sagrada" e que não pode admitir "tirar" a terra de ninguém.
"Se tiver pulverizando uma plantação sem todo equipamento, ele [fazendeiro] vai perder a propriedade pro causa disso? Não é um excesso? Não é só ele, às vezes o dono da propriedade tem 100 anos, 90 anos, ali, seus filhos e netos, talvez bisnetos, que trabalharam ali 60 anos vão perder tudo isso aí?", continuou ele.
De acordo com o governante, a informação "ou é mais uma mentira" ou partiu de "alguém deslumbrado que resolveu plantar" informações equivocadas na imprensa.