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'Modo agressivo' do governo estimula casos como o de Silveira, diz Gilmar

"Modo agressivo" do governo estimula casos como o de Silveira, diz Gilmar -                                 CARLOS MOURA/STF
'Modo agressivo' do governo estimula casos como o de Silveira, diz Gilmar Imagem: CARLOS MOURA/STF

Colaboração para o UOL, em São Paulo

18/02/2021 22h35Atualizada em 18/02/2021 23h00

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, afirmou hoje que o "modo agressivo" do governo federal de fazer política "talvez estimule" pessoas a se comportarem como o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), preso na última terça-feira após publicar vídeo com ataques a ministros do STF.

Em entrevista na noite de hoje à CNN Brasil, ao ser questionado, pelo jornalista William Waack, se a fala do deputado bolsonarista encontra respaldo no governo de Jair Bolsonaro (sem partido), Gilmar respondeu: "o modo de fazer política, o modo de agir, esse modo agressivo, talvez estimule algumas pessoas a se comportarem dessa maneira, talvez até para comunicar com aquilo que se julga ser o seu público. Temos que fazer esse tipo de análise, nós do nosso lado, temos tentado manter os padrões da democracia".

Para o ministro do STF, no entanto, não há interesse do Governo Federal em manter uma crise como essa.

"Essa matéria acabou por, de alguma forma, envolver a Câmara e o Senado, portanto levou essa crise para o Congresso, além de envolver também o Supremo nesse tipo de questão. A mim não parece que haja interesse do Planalto nessa crise", declarou.

A Câmara dos Deputados vota amanhã (19) se mantém ou não a prisão do deputado Daniel Silveira, que foi determinada pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes, na última terça-feira (16). Na opinião de Gilmar Mendes, a Câmara deve fazer "a devida avaliação da gravidade do caso".

"Eu espero que a Câmara avalie a gravidade da situação e que, de fato, considere aquilo que foi decidido pelo Ministro Alexandre e depois pelos 11 votos no plenário o STF", afirmou Gilmar Mendes.

Prisão em flagrante e Inquérito das Fake News

Gilmar Mendes disse ainda que "não há nenhuma dúvida" de que o caso se trata de uma prisão em flagrante.

"Além da declaração colocada imediatamente nas redes sociais, nós tivemos uma repetição, que se deu até no momento da prisão, quando o deputado pediu licença aos policiais federais para divulgar mais um vídeo de ataque ao STF", alegou.

Em publicação no Twitter hoje, o ministro Gilmar Mendes afirmou que a decisão do STF de manter a prisão de Daniel Silveira "não teria sido possível" se não fosse a instauração do Inquérito das Fake News, que revelou "fatos gravíssimos".

Segundo Gilmar, esses "fatos gravíssimos" referem-se a um movimento para "amedrontar as instituições".

"Nós tivemos aqueles ataques diretamente ao Supremo, esse próprio deputado defende ou defendia o fechamento do Congresso Nacional, ou a volta do AI-5, que todos nos sabemos foi a consagração de uma ditadura formal no Brasil", explicou o ministro do STF sobre as investigações feitas no inquérito das Fake News, instaurado pelo ministro Dias Toffoli.

"Também se descobriu por exemplo que havia financiadores desse movimento, alguns empresários estavam financiando esses movimentos.", acrescentou.