Documento sobre Covaxin existe e está no sistema da Saúde, diz jornal
Do UOL, em São Paulo
24/06/2021 20h53
O documento apresentado pelo servidor da Saúde Luís Ricardo Miranda, irmão do deputado Luís Miranda, ao presidente Bolsonaro, está disponível no sistema do Ministério, ao contrário do que alega o Governo Federal desde que as suspeitas sobre a compra da vacina Covaxin vieram à tona.
O jornal O Globo teve acesso ao recibo da importação de doses, que pode ser acessado no sistema interno da pasta, ao qual integrantes do governo têm acesso.
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O documento, datado de 19 de março de 2021, foi o motivo pelo qual Luís Ricardo negou o aval para importação do imunizante. O pagamento antecipado no valor de 45 milhões de dólares seria endereçado à Madison Biotech, uma subsidiária da fabricante Bharat Biotech, que não constava no contrato assinado com o Ministério da Saúde. Nele, constava que o país estaria comprando 300 mil unidades da vacina.
Entenda
Ontem, em entrevista a O Estado de S. Paulo, Luís Miranda disse ter alertado Bolsonaro e o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo a compra da Covaxin. Ele explicou ter se encontrado com o presidente em 20 de março para levar a denúncia sobre o caso — um mês após o governo assinar o contrato para aquisição da vacina.
No fim do dia, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, acompanhado do ex-secretário executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, levantou suspeitas sobre a autenticidade da denúncia apresentada pelos irmãos.
Em um pronunciamento sem direito a perguntas dos jornalistas, Lorenzoni colocou a veracidade do documento em dúvida, e afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) determinou uma abertura de investigação para apurar as declarações.
"Vamos solicitar uma perícia do documento. Vamos também pedir a abertura de investigação do deputado e do servidor Luís Ricardo Miranda [chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, irmão do deputado], por denunciação caluniosa, fraude processual e prevaricação", completou.
Hoje, a Secom endossou o discurso, afirmando que "toda a narrativa divulgada pelo deputado, acolhida e propagada exaustivamente pela imprensa tem como base um documento com erros, e que apresenta fortes indícios de adulteração (será periciado)".