Bolsonaro manda PF investigar deputado que apontou suspeita sobre Covaxin
O ministro Onyx Lorenzoni, da Secretaria-Geral da Presidência, disse hoje que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) determinou à Polícia Federal que investigue a declaração do deputado Luís Miranda (DEM-DF) sobre as suspeitas quanto à compra da vacina Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech.
Ontem, em entrevista a O Estado de S. Paulo, Luís Miranda disse ter alertado Bolsonaro e o então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, sobre um suposto esquema de corrupção envolvendo a compra da Covaxin. Ele explicou ter se encontrado com o presidente em 20 de março para levar a denúncia sobre o caso — um mês após o governo assinar o contrato para aquisição da vacina.
De acordo com o parlamentar, ele apresentou documentos que apontavam irregularidades.
"O governo tomará medidas, e o presidente determinou que a PF abra uma investigação para apurar a declaração do deputado. Vamos solicitar uma perícia do documento. Vamos também pedir a abertura de investigação do deputado e do servidor Luís Ricardo Miranda [chefe de importação do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, irmão do deputado], por denunciação caluniosa, fraude processual e prevaricação", disse Onyx em pronunciamento, que não foi aberto a perguntas de jornalistas.
Por que, depois de três meses, esse cidadão vem a público e fala isso? Isso caracteriza a má-fé, denunciação caluniosa, a interesse de quem e por quê? Não vai ser um qualquer, que inventa mentiras, falsifica documentos, e assaca contra um presidente e um governo. Senhor Luís Miranda, Deus está vendo. Mas o senhor também vai pagar na Justiça tudo o que fez hoje. Que Deus tenha pena do senhor.
Onyx Lorenzoni, sobre denúncias de Luís Miranda
Segundo o ministro, as declarações de Luís Miranda são "mentirosas" e foram construídas para "atingir a imagem do presidente Jair Bolsonaro".
"Quero alertar ao deputado Luís Miranda que o que ele fez hoje é denunciação caluniosa, e isso é crime. Sobre as acusações, quero dizer: não houve favorecimento a ninguém, porque essa é a prática desse governo. Não houve sobrepreço, não houve compra alguma. Portanto, o governo tomará medidas e o presidente determinou que a PF abra uma investigação", reforçou.
O "sobrepreço" citado por Onyx também foi revelado pelo Estadão. Segundo reportagem publicada ontem, documentos do Ministério das Relações Exteriores mostram que o governo comprou a Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela própria fabricante.
Um telegrama sigiloso da embaixada brasileira em Nova Délhi de agosto do ano passado, ao qual o jornal teve acesso, informava que o imunizante produzido pela Bharat Biotech tinha preço estimado em 100 rúpias (US$ 1,34 a dose). Em dezembro, outro comunicado diplomático dizia que o produto fabricado na Índia "custaria menos do que uma garrafa de água".
Em fevereiro deste ano, porém, o Ministério da Saúde pagou US$ 15 por unidade (R$ 80,70, na cotação da época) — a mais cara das seis vacinas compradas até agora.
Em uma publicação em sua conta no Twitter no início da noite, Miranda afirmou que na próxima sexta-feira (25) "o Brasil saberá a verdade e os documentos falam por si só". Os depoimentos do deputado e do irmão à CPI estão previstos para essa data.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.