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Ex-PGR diz que Aras, ao não agir, favorece desmandos de Bolsonaro

Na semana passada, grupo com 27 subprocuradores, pediram para que Aras aja "enfaticamente" contra ataques do presidente Jair Bolsonaro Imagem: Jorge William/Agência O Globo

Do UOL, em São Paulo

14/08/2021 12h17

O ex-procurador-geral da República, Claudio Fonteles, enviou uma carta apontando que o PGR (Procurador-geral da República), Augusto Aras, ao não agir, tem favorecido o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "ou pessoas que lhe estão no entorno de marcada confiança", como seus filhos.

A carta é assinada por outros três ex-subprocuradores e um juiz aposentado. Fonteles foi nomeado procurador-geral da República pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 2003 a 2005. Seu mandato iniciou a prática de que o presidente da República indique um dos três nomes mais votados para ocupar o cargo máximo no MPF (Ministério Público Federal).

Logo no início, o documento traz as atribuições que devem ser cumpridas pelo MPF, mas que para o grupo não tem sido feitas por Aras, "deixando de agir, ou agindo com deliberada tibieza e tergiversação em determinados casos".

Como exemplo, os ex-procuradores citam as investigações contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), onde a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) teria elaborado orientações para auxiliar a defesa do filho do presencial. "Ora, por que o Dr. Antônio Augusto Brandão Aras, até hoje, passados quase 4 meses, nada fez?", questiona o grupo.

Além disso, o documento aponta o caso do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que estaria envolvido em um suposto caso de exportação ilegal de madeira.

Na época, Aras pediu que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes deixasse a relatoria do caso. O ministro, no entanto, negou o pedido.

Esses casos, para os ex-procuradores, indicam que Aras e o vice-procurador-geral, Humberto Jacques de Medeiros, "vem, sistematicamente, deixando de praticar, ou retardando, a prática de atos funcionais para favorecer" Bolsonaro.

A carta foi enviada ao vice-presidente do Conselho Superior do MPF. Assinam o documento:

  • Cláudio Lemos Fonteles, ex-procurador-geral da República aposentado;
  • Wagner Gonçalves, subprocurador-geral da República aposentado;
  • Álvaro Augusto Ribeiro Costa, subprocurador-geral da República aposentado;
  • Manoel Lauro Volkemer de Castilho, juiz do Tribunal Federal da 4ª Região aposentado;
  • Paulo de Tarso Braz Lucas, subprocurador-geral da República aposentado.
Na última semana, um grupo de 27 subprocuradores-gerais da República divulgou carta aberta cobrando ação de Aras contra os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral.

No texto, o grupo afirma que o PGR "deve agir enfaticamente" em defesa do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Bolsonaro ignora lista e indica Aras para recondução do cargo

Pela segunda vez, Bolsonaro não respeitou a indicação do MP e indicou Aras para recondução do cargo. O PGR termina seu mandato em setembro.

Em 2019, o presidente já havia quebrado uma tradição iniciada em 2003 de escolher integrantes da lista tríplice indicada por representantes do MPF. A atitude é vista como uma tentativa de controlar o órgão, que é responsável por investigar eventuais irregularidades do Executivo.

Neste ano, os indicados pela lista foram os subprocuradores Luiza Frischeisen, Mario Bonsaglia e Nicolao Dino.

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